A Áustria viu nesta quinta-feira o desfecho de um dos seqüestros mais famosos dos últimos anos, o de Natascha Kampusch, que foi raptada quando tinha 10 anos e escapou do cativeiro na quarta-feira, com 18 anos. Segundo a polícia, pouco depois da jovem fugir de seu cativeiro, o suposto seqüestrador, o técnico de telecomunicações Wolfgang Priklopil, 44 anos, cometeu suicídio ao se jogar debaixo de um trem no norte da capital austríaca.

Natascha foi encontrada na noite de quarta-feira longe da residência de sua família, na periferia de Strasshof, norte de Viena. Não se têm informações se a jovem sofreu violências sexuais durante os oito anos de cativeiro, mas uma investigação está em curso para esclarecer isso e os motivos do seqüestro, declarou o agente Nikolaus Koch em coletiva de imprensa.

Os meios de comunicação austríacos dizem que o cômodo usado para mantê-la encarcerada mede quatro metros de cumprimento por três de largura, e tem uma entrada de 50 centímetros de altura por 50 centímetros de largura. Acredita-se que ela permanecia bloqueada por um cofre quando o seqüestrador se ausentava.

Também foram encontrados uma cama e estante com livros infantis, diz a imprensa local.

Segundo a polícia, a jovem afirmou que seu captor a deixava ouvir rádio e assistir à televisão.

O agente explicou que Priklopil ficou menos prudente e Natascha aproveitou uma negligência de seu seqüestrador para escapar do cativeiro. Depois de ser encontrada, Natascha foi levada para a delegacia de onde saiu para o hospital protegida por um cobertor.

A moça se encontra bem, mas, segundo os psicólogos consultados, ela corre o risco de sofrer doenças psicossomáticas nos próximos anos. A polícia a interrogou sobre seus anos de cativeiro e aparentemente Natascha estaria sofrendo de 'Síndrome de Estocolmo', um comportamento assim denominado a partir de um seqüestro ocorrido em 1973 em que as vítimas passaram a se identificar profundamente com os seqüestradores.

O Seqüestro - Natascha foi seqüestrada quando seguia para a escola, em 2 de março de 1998. Segundo uma amiga da menina, ela entrou num furgão branco e desapareceu. O técnico manteve a refém num pequeno cômodo construído sob sua garagem.

Depois do desaparecimento da então menina, a polícia colocou em andamento uma vasta operação de busca nos arredores do centro comercial de Viena onde foi encontrado o furgão branco supostamente usado no seqüestro.

Os agentes chegaram, inclusive, a interrogar Priklopil em sua condição de proprietário de um dos milhares de veículos do mesmo tipo que foram investigados.