Setecidades Titulo Drenagem
Consórcio discute enchentes

Após pressão do Diário, entidade coloca debate
sobre plano de macro e microdrenagem na pauta

Vanessa de Oliveira
03/07/2016 | 07:00
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Ricardo Trida/DGABC


Depois que o Diário denunciou a demora do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC em apresentar o resultado do estudo que identifica os locais sujeitos a enchentes na região e propõe soluções regionais, a entidade finalmente decidiu colocar o assunto em pauta na reunião de amanhã entre os sete prefeitos. A empresa KF2 Engenharia e Consultoria, contratada para realizar o projeto denominado Plano Regional de Macro e Microdrenagem, havia entregue os documentos há 23 dias, mas eles foram colocados na gaveta com a alegação de que “eram analisados por técnicos”.

O contrato foi assinado em junho de 2015, no valor de R$ 1,2 milhão, e a previsão inicial de conclusão do projeto era para fevereiro deste ano, com apresentação aos chefes do Executivo em março. Antes disso, em 17 de janeiro, o Diário, sem despender um centavo, apenas debruçando-se durante três dias em seus arquivos, levantou os pontos onde os alagamentos acontecem a cada tempestade. Muitos deles, aliás, já apareciam em mapeamento feito pelo jornal em 1985.

Em fevereiro, o Consórcio aditou o contrato com a KF2 em R$ 301 mil, totalizando R$ 1,5 milhão, e prorrogou por 120 dias a finalização do estudo.

Na semana passada, o Diário pediu informações referentes à entrega do Plano Regional de Macro e Microdrenagem, além de indagar sobre o conteúdo, como a quantidade e quais pontos críticos de enchentes foram identificados no levantamento, as ações que seriam executadas em um primeiro momento, entre outras questões. A entidade, porém, limitou-se a informar que o estudo havia sido entregue no prazo e que se encontrava em fase de análise por técnicos dos municípios. “Após essa etapa, que prevê revisão e considerações, o estudo será apresentado durante assembleia mensal de prefeitos e amplamente divulgado”, discorreu, em nota.

Uma vez entregue, o Diário solicitou uma cópia do plano e questionou qual o prazo dos técnicos para analisar o documento, se haveria algum custo adicional caso eles avaliassem a necessidade de revisão e se já havia estimativa de data para a apresentação dos resultados. Foi desta vez que a entidade regional deu a previsão de que o assunto seria colocado em pauta amanhã. Os demais pedidos foram ignorados.

Com a apresentação do plano nesta segunda-feira, “serão iniciadas as discussões sobre as prioridades de sua implementação”, conforme o Consórcio. O fato é que as ações já deveriam ter sido colocadas em prática. “É muito importante que principalmente questões emergenciais, como limpeza de córregos, reparação de bocas de lobo, galerias, entre outros, sejam efetuadas em período imediato, aproveitando a estiagem”, destaca o professor de Engenharia Hídrica da Universidade Mackenzie Antônio Eduardo Giansante.

O professor de Engenharia Civil do IMT (Instituto Mauá de Tecnologia) André Reda ressalta que seria ideal que as ações do plano fossem coordenadas com aquelas previstas para toda a Região Metropolitana, já que considerar a “interferência com outros planos existentes” é uma condição estipulada para o Plano de Macro e Microdrenagem do ABC. “Nossos rios passam por mais de uma cidade e vão para São Paulo, então precisa haver parceria.”

Giansante lembra que, mais que apontar quais obras devem ser feitas para combater as enchentes e o custo delas, a estimativa de outro investimento também é essencial. “Os custos não são só de execução, mas também de manutenção e operação. O poder público gosta muito de inaugurar obra, mas depois, para mantê-la, é complicado.” 




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