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Região tem 42 casos suspeitos de febre maculosa
Marco Borba
Do Diário do Grande ABC
10/11/2005 | 08:17
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Enquanto o país se preocupa com a febre maculosa, que já causou a morte de duas pessoas – uma na zona Sul de São Paulo, no último domingo e outras duas no final do mês passado, no Rio de Janeiro –, as vigilâncias sanitárias da região focam as atenções em três cidades – Santo André, Ribeirão Pires e São Bernardo. Os três municípios somam 42 casos suspeitos – sendo 22 na primeira cidade, 14 em Ribeirão e seis em São Bernardo. Neste ano, foram confirmados 16 casos da doença em São Paulo, com oito óbitos, incluindo os dois únicos de morte na região, dos estudantes Juliana Finotti e Rodrigo Afonso, ambos moradores do Recreio Borda do Campo, Santo André.

É exatamente nesse bairro e nas áreas vizinhas – Parque Miami e Núcleo Pintassilgo – que a Vigilância Sanitária da cidade informa ter intensificado as a-ções preventivas. Além dos dois óbitos na cidade, foram registrados ao longo do ano (até o dia 4 deste mês), 46 casos suspeitos, dos quais 24 não se confirmaram. Houve ainda um caso confirmado que evoluiu para a cura. Os demais aguardam resultado de exames do Adolfo Lutz.

Em Ribeirão, apesar do menor número de casos, o Centro de Controle de Zoonoses se mobilizou para exterminar o carrapato-estrela, transmissor da doença. Afinal, 14 casos suspeitos é um número alto para o tamanho da cidade. A veterinária responsável pelo Centro de Zoonoses, Eliana Maciel de Góes, 45 anos, está na lista dos casos suspeitos. A médica encontrou um carrapato no corpo no dia 14 de outubro, retirou o inseto e o enviou à Sucen (Superintendência de Controle de Endemias). “Nove dias depois, surgiram os sintomas. Procurei um médico e iniciei o tratamento sorológico. Já estou bem”, disse. Os demais suspeitos fizeram tratamento à base de antibióticos e deixaram de apresentar os sintomas da doença: dores de cabeça, febre alta e manchas vermelhas pelo corpo.

De acordo com Eliana Maciel, não há um local específico com maior incidência dos casos suspeitos na cidade. “As notificações estão divididas em vários pontos.” As 14 amostras de sangue foram encaminhadas ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, para análise, e ainda não há data prevista para a conclusão dos exames.

Cercada pela Mata Atlântica, Ribeirão Pires pode ser considerada campo fértil para a proliferação dos carrapatos. É que muitos moradores preservam o hábito de criar animais, como bois e cavalos, o que aumenta os riscos de contaminação. Esses animais entram na mata e servem de hospedeiros do carrapato.

Desde que a cidade registrou um óbito no ano passado, o Setor de Zoonoses intensificou os trabalhos de alerta à população e ofereceu treinamento específico sobre identificação de possíveis casos aos médicos das redes municipal e privada. Nos últimos dois meses, foram apreendidos sete cavalos, nove bois e 44 cachorros. Cerca de  mil carrapatos foram encaminhados à Sucen.

Em Mauá, a dona-de-casa Maria Solange Rabelo Santos, 41 anos, está assustada. Disse que no último mês carrapatos-estrela começaram a invadir sua casa, no Jardim Itapark. Há 20 dias, Maria Solange resolveu recolher alguns dos insetos e encaminhá-los à UBS (Unidade Básica de Saúde) do Jardim Flórida. “Tem uma viela aqui perto com mato alto. Meu filho teve febre esses dias e fiquei apavorada. Mas ele está bem.” A Prefeitura informou que os carrapatos foram enviados à Sucen e que o município aguarda resultado dos exames para saber se estão contaminados com a bactéria Rickettsia ricckettsii, causadora da febre maculosa. No ano passado, três pessoas morreram da doença no Jardim Primavera.

Em São Bernardo, desde janeiro foram notificados 13 casos suspeitos, dos quais três confirmados. Desses, duas pessoas morreram, quatro casos suspeitos foram descartados e seis estão sob investigação.

Mesmo sem casos registrados, a Prefeitura de Diadema vai intensificar nos próximos dias ações preventivas no bairro Campanário, na divisa com a capital. A área é vizinha ao Parque do Estado, mesma região onde morava a estudante Luana Monteiro, 12 anos, morta no último sábado. A mãe da menina Edna Maria Monteiro, 43 anos, está internada desde terça-feira no Hospital Jabaquara com suspeita da doença. Diadema teve um óbito no ano passado por causa da doença.

Previna-se

Como evitar o carrapato
- Usar roupas claras para facilitar a identificação dos insetos. O ideal é cobrir-se o máximo possível, com blusas de manga longa, calças compridas, meia e sapato fechado.

- Evitar lugares com grande concentração de animais (cachorros, cavalos, galinhas etc.).

- Verificar a cada três horas todo o corpo. A doença só é transmitida após quatro horas de permanência do carrapato na pele.

- Para retirar, evitar espremer o inseto para que a bactéria não penetre na pele ou em feridas. O correto é puxá-lo com cuidado, com um movimento circular de baixo para cima, evitando machucá-lo e retirá-lo sem as garras.

- Mergulhar o carrapato em álcool, detergente ou água com sal. Manter o inseto intacto para evitar a proliferação da bactéria.

- Examinar os animais domésticos ao menos duas vezes na semana.

- Não usar venenos na pele. Não existem repelentes contra carrapatos.

Febre maculosa

Sintomas
- Febre que varia entre moderada e alta. Acompanham dores de cabeça, manchas avermelhadas, tosse e hipertensão arterial.

Grau de letalidade
- Se a doença não for tratada, as mortes podem chegar a 20% dos casos. Feito o tratamento a tempo, as mortes são raras.

Tratamento
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Feito à base de 2 antibióticos: cloranfenicol ou tetraciclina. Em alguns casos, também podem ser administrados antimicrobianos voltados ao controle das possíveis complicações renais oriundas da doença.



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