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Há candidatos a santo nos cemitérios do Grande ABC
Maíra Sanches
Do Diário do Grande ABC
01/11/2010 | 07:00
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Amanhã, dia de homenagear entes queridos que se foram, vários túmulos de ‘candidatos' a santo na região também serão visitados. Há pessoas sepultadas, que tiveram uma trajetória de vida comum, às quais são atribuídas realizações de ‘graças'.

Túmulos envoltos por flores, oferendas e placas de agradecimento pela graça concedida podem ser encontrados pelo menos em dois cemitérios de Santo André e um de São Caetano. Funcionários dizem que os mortos atraem centenas e confirmam o fervor da crença popular todos os anos no Dia de Finados.

Considerada ‘santa milagreira', Vanilda Sanches Beber, natural de São Paulo, morreu com 15 anos em 1958. A empregada doméstica foi sepultada no cemitério da Vila Assunção, em Santo André. No atestado de óbito a causa da morte consta como peritonite e apendicite agudas.

Os relatos de poderes milagrosos iniciaram-se por volta do sétimo dia de falecimento, quando pessoas diziam ter sonhado com Vanilda e alcançado graças. O túmulo da garota recebe um grande número de devotos do Brasil inteiro, que se reúnem no local para fazer orações e pedidos. Religiosos atribuem a ela mais de 200 milagres. Todos os anos as pessoas visitam, rezam, depositam flores e pedem graças.

"Quem se sente favorecida traz uma plaquinha de agradecimento e a pendura no túmulo", diz Jesus Antônio Caetano, administrador do cemitério, que possui 3.596 jazigos.

Outra famosa personagem ‘santificada' é a menina Neves Nascimento Ribeiro, sepultada em 1948 no Cemitério da Saudade, em São Caetano. O motivo dos milagres atribuídos à ‘Santa das Neves' ainda são desconhecidos, mas a fé é resistente. O hábito de despejar brinquedos e outros objetos no mausoléu levou à intervenção da família. "Eles proibiram as pessoas de colocarem coisas no mausoléu, mas antes todos os dias havia velas acesas", explicou Sebastião Gomes, funcionário que trabalha na construção de jazigos há 27 anos.

Ele também diz ter recebido bênçãos enviadas pela menina. "Operei o braço e a cirurgia não deu certo. Pedi a ela que me livrasse da dor e dias depois estava bom." A faxineira do cemitério vai além. "É comum mães jogarem cadernos dos filhos que vão mal na escola. Depois, voltam para agradecer a melhora do desempenho deles. Quando pedimos com fé, acontece", contou Maria Helena Lugão. A menina morreu vítima de tétano, aos 11 anos. Ela era moradora da Vila São José, bairro vizinho ao cemitério.

O terceiro considerado milagreiro é uma das atrações do Cemitério da Vila Pires, em Santo André. O cigano de faixa na cabeça e brinco na orelha é o responsável por bilhetinhos e flores que são colocados no mausoléu azul-claro da família.

Trata-se do ex-estudante de Medicina José Magalhães Coelho, também conhecido como Zito, morto de infarto em 1976, aos 25 anos. Não se sabe se a foto tirada em época de Carnaval remete Zito a poderes mágicos, mas logo após a sua morte começou o boato de que o estudante poderia unir casais. "Meninas e moças vêm com frequência. Elas têm muita adoração por ele", revelou José dos Santos, funcionário do cemitério.

 




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