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Médicos agora focam empresas
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
14/08/2004 | 21:03
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Os médicos do Grande ABC montam uma nova estratégia para fortalecer o movimento de boicote aos planos de saúde que pagam entre R$ 8 e R$ 21,60 por consulta. Esses planos não negociam reajustes nos honorários e nem quanto à adoção da tabela de procedimentos. Agora, os médicos que integram o movimento devem atacar as empresas que mantêm contratos corporativos com as operadoras de saúde sob boicote. Segundo o médico representante da comissão negociadora, Luiz Carlos João, a estratégia visa evitar que essas operadoras “atrapalhem” as negociações com as demais, que demonstram disposição em fechar acordos.

Os contratos firmados com a Medial serão o primeiro alvo. Além da Medial, as empresas consideradas “problemáticas” para os médicos são Intermédica, Amico, Amesp, Avicena, Interclínicas, Green Line, Cigna Saúde, Santa Amália, Royal Saúde, Sermed e Medicol. As três últimas tiveram o descredenciamento em massa decidido em assembléia realizada na última quinta-feira. As demais estão sob boicote desde abril. “Vamos começar pela Medial porque a empresa tem uma carteira de clientes grande no ABC e já fez propostas em outras regiões, como na Bahia, mas se recusa a negociar conosco”, explicou o médico João.

Outra atitude da Medial que vem preocupando os médicos é a insistência em fechar acordos individuais com os médicos credenciados que aderiram ao boicote. “Aconteceu comigo. Eu não aceitei, mas já sabemos que a empresa também oferece contratos para quem não é credenciado. Para estes, o valor por consulta proposto é de R$ 23”, disse o ginecologista e obstetra de São Bernardo, Leandro Rimolo Osório. A Medial paga R$ 15 por consulta. Os médicos reivindicam R$ 42, mas aceitam proposta de um mínimo de R$ 22 para reajuste imediato.

A proposta da Medial, segundo os médicos, pode vir a ser aceita pelos profissionais que não aderiram ao movimento. “Por isso vamos levar as denúncias para o CRM (Conselho Regional de Medicina)”, disse o presidente do Movimento dos Médicos do ABC, Romildo Gerbelli. Atualmente, pelo menos cem processos contra médicos que furaram o movimento estão em andamento no órgão. O Diário procurou a Medial, mas a empresa não quis comentar as denúncias.

Corporativo – O movimento vai encaminhar cartas às empresas que têm contratos com os planos de saúde boicotados para explicar a situação. “Vamos mostrar o risco que estão correndo de uma manifestação dos seus colaboradores pela falta de rede credenciada”, disse João, da comissão negociadora. De acordo com os médicos, já não é incomum nos consultórios pacientes que têm planos corporativos das empresas boicotadas comentarem sobre movimentos de funcionários para incentivar a troca de convênio.




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