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Pai acredita que crime é político
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
09/10/2004 | 11:35
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O pai de Emile Perez de Souza, o candidato derrotado a vice-prefeito de Rio Grande da Serra, Nilson Gonçalves de Souza, 40 anos, acredita que a morte da filha tenha motivação política. "Ela desapareceu no domingo, durante o horário de votação. Isso não me leva a pensar em outra coisa", disse nesta sexta em entrevista coletiva com o prefeito Ramon Velasquez e o candidato derrotado a prefeito, Carlos Augusto César, o Cafu.

Souza disse ter chegado à conclusão de crime político após ter acesso ao laudo do IML (Instituto Médico-Legal), que descartou violência sexual na garota. "Ela levou três facadas no peito e foi muito agredida. Havia sinais de queimadura e pancadas na cabeça." Emile foi morta na madrugada de quinta-feira.

O delegado da cidade, Sérgio Simionato, afirmou que não recebeu o laudo do IML e, por isso, continuará trabalhando com todas as hipóteses no caso. "Desconheço a informação de que a menina não foi violentada sexualmente."

Emile tinha 10 anos e desapareceu por volta das 16h do domingo, quando saiu da frente da EE Francisco Lourenço de Melo, onde estava com o pai, que fazia corpo-a-corpo com eleitores. A escola fica a dois quarteirões da casa da família, na Vila Suzuki. A menina disse ao pai que ia entrar na escola para beber água e não foi mais vista por ninguém da família. Seu corpo foi encontrado às 11h30 de quinta-feira, em um barranco na beira da estrada da Caracu, a 1,5 km de sua casa. Ela estava totalmente nua dentro de um saco de material sintético.

"Forjaram um suposto estupro para despistar a polícia. Assessores do PSDB tiraram fotos do Nilsom (Souza) e da filha no dia em que ela desapareceu", afirmou o prefeito Ramon Velasquez.

O coordenador da campanha do candidato tucano eleito Adler Kiko Teixeira, Velderez Camilo, disse que as fotos foram feitas para flagrar candidatos fazendo boca-de-urna na porta da escola, o que é ilegal. "O assassinato foi uma fatalidade, não tem nada a ver com política. Estamos tranqüilos", declarou Camilo. O prefeito eleito não quis falar com o Diário. A polícia investiga pessoas das duas coligações.

Suspeito - O delegado titular de Rio Grande da Serra, Sérgio Simionato, interrogou nesta sexta o jovem preso em Ribeirão Pires na quinta. Luiz Carlos Gomes da Silva, 26 anos, é acusado de tentar estuprar uma adolescente de 16 anos no fim de setembro, em Ribeirão Pires. Segundo a polícia, ele foi reconhecido pela vítima.

O delegado disse que há algumas evidências que levam a uma suposta ligação de Silva ao assassinato de Emile. Silva conhecia a menina, uma de suas irmãs foi estuprada exatamente no local onde o corpo de Emile foi encontrado e a sua sogra mora perto da casa da garota morta. Silva, que já havia sido preso por furto, negou à polícia envolvimento em qualquer dos dois crimes. "Ele continuará a ser investigado", disse o delegado Simionato.

Nesta sexta, a família de Emile declarou ter recebido outras ligações a cobrar, sem que o interlocutor falasse uma palavra. As chamadas, que já somam 12, começaram após o desaparecimento da menina. A última, segundo familiares, foi na tarde de quinta-feira, depois de o corpo ter sido encontrado. O identificador colocado pela polícia no telefone da casa mostrou dois números de telefone: um de celular e outro de telefone público. Números que a polícia irá investigar.

Valmir Moisés, assessor parlamentar do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, representou o governo nesta sexta no enterro de Emile e cogitou a hipótese de colocar a Polícia Federal no caso. No entanto, à noite, mudou de idéia. "Talvez não seja necessário", disse Moisés.




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