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Famílias do Di Thiene afirmam que estão impedidas de acessar o CRE Fundação

Local foi improvisado pela Prefeitura até regularização de futuras moradias; moradores passaram a noite na calçada por falta de local para dormir

Da Redação
Do Diário do Grande ABC
05/08/2021 | 09:23
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Divulgação


Atualizada às 11h37

Cerca de 60 famílias que foram removidas do terreno do edifício Di Thiene e invadiram em junho o CRE (Clube Recreativo Esportivo) Fundação, em São Caetano, agora enfrentam mais um problema. Abrigados no local há quase dois meses, moradores que retornaram do trabalho, na última terça-feira (3), perceberam que o local estava trancado com cadeado, e foram impedidos de acessar o clube por meio da GCM (Guarda Civil Municipal). 

Segundo os moradores, foi através de uma ação judicial que as famílias conseguiram ficar alojadas, temporariamente, no CRE, até a Prefeitura dar andamento na construção de apartamentos junto a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano) (leia mais abaixo). Porém, diante do acontecido nesta semana, os ex-moradores do Di Thiene agora esperam por uma posição da administração municipal para retornarem ao clube. 

“Quem saiu para trabalhar, levar seus filhos na escola ou resolver qualquer outro problema não conseguiu retornar para dormir e ficar no clube. Quem não saiu, ainda continua lá, mas não chegou até nós nenhuma liminar que isso ia acontecer”, detalha o ex-morador do Di Thiene, Leandro Gonçalves Montijo, 38 anos. Cerca de 10 pessoas ainda continuam no clube e as demais famílias procuram alternativas para passarem à noite, como casa de familiares ou se arriscam a dormir na calçada. 

“Eles (a Prefeitura) alegam que abandonamos o clube, mas não abandonamos. Nós precisamos trabalhar, precisamos resolver nossos problemas. A gente tenta diálogo mas não conseguimos”, acrescenta Leandro. 

Em nota, a Prefeitura de São Caetano esclareceu que, segundo monitoramento diário do abrigo montado no CRE, a administração constatou que, desde a última segunda-feira (2), apenas 4 das 60 pessoas que invadiram o local em junho permaneciam abrigadas. As demais deixaram o espaço por livre e espontânea vontade, não retornando para dormir.

"Diante disso, a Prefeitura acionou a Justiça requerendo a extinção do processo de reintegração de posse, por perda do objeto", informam em nota. Paralelamente, posicionou a GCM na entrada para a preservação do patrimônio público. Na noite de ontem, a equipe do SOS Cidadão 156 esteve no local para encaminhar as pessoas que permaneciam em frente ao clube para o abrigo municipal, no Bairro Santa Maria. A ajuda, no entanto, segundo a Prefeitura, foi recusada.

HISTÓRICO - Conforme acompanhado pelo Diário, as famílias foram removidas em junho do terreno onde existia o edifício Di Thiene, que desabou parcialmente e foi demolido em 2018. As famílias afirmam que pagaram pelos apartamentos, mas a Prefeitura considerava o local como uma invasão. Elas chegaram a receber 18 parcelas – a última foi paga em janeiro – de auxílio aluguel.

O terreno que abrigava o Di Thiene será destinado à construção de unidades habitacionais pelo CDHU, mas não há prazo para início da obras. Inclusive, no pedido feito pela municipalidade neste sábado, o procurador questiona se, de fato, haverá tal construção, já que a empresa pública foi extinta pelo governo do Estado em abril, conforme publicado pelo Diário. Embora a administração tenha informado que a política habitacional não seria afetada, o futuro ainda é incerto.

Na decisão que determinou a reintegração de posse do terreno, a juíza Ana Lucia Fusaro determinou que a remoção das pessoas só fosse realizada quando a prefeitura pudesse dar algum suporte a todos que foram retirados. Sem previsão de diálogo, as pessoas se recusaram a deixar o Cras – invadido em junho como alternativa de alojamento. A administração municipal bloqueou o acesso ao interior do equipamento público e aos banheiros, sob argumento de evitar perdas de documentações, e os munícipes ficaram no quintal do imóvel. Houve registro de tumultos, porque a GCM (Guarda Civil Municipal) não permitia que quem saísse do imóvel para buscar alimentos e água retornasse.




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