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Grande encontro

‘A Vida em Vermelho’ une dramaturgo Brecht e
cantora Piaf em espetáculo, que tem estreia sexta

Marcela Munhoz
04/10/2017 | 07:00
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Divulgação


 A dramaturgia – seja no palco, televisão ou cinema – proporciona situações incríveis. Quem imaginaria que a cantora francesa Edith Piaf (1915-1963) e o poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956) dividiriam o mesmo espaço para filosofar, refletir, discutir e apresentar grande espetáculo? É o que o público da região terá a chance de testemunhar em A Vida em Vermelho – Brecht & Piaf, cuja estreia nacional acontece na sexta-feira, às 21h, no Sesc Santo André. A temporada por aqui segue até dia 22.

Nos papéis principais, estão outros dois grandes artistas: Letícia Sabatella e Fernando Alves Pinto. Eles dão vida também a clowns, que atuam como a razão e a emoção, trazendo a sensação do embate, exemplificando as ideologias e visões de Piaf e Brecht. Ela sofreu todas as dores do mundo; ele conceituou tais tragédias humanas. “É briga lúdica, amarrada de forma interessante e criativa. Ao mesmo tempo, vamos desfilando repertório riquíssimo”, conta ao Diário a atriz, que faz questão de elogiar o texto de Aimar Labaki e a direção-geral de Bruno Perillo.

Os atores, que formam casal na vida real, afinaram a intimidade nos palcos em outro projeto musical, o Caravana Tonteria, na estrada desde 2014. “A gente se conhece há muito tempo, mas nos aproximamos há cinco anos, quando começamos a tocar e cantar.Agora, experimentamos novamente esse improviso nos palcos”, conta o artista.

Interpretar uma das cantoras mais importantes de todos os tempos foi grande desafio que Sabatella abraçou de corpo e alma. “Ela (Piaf) é um grande aprendizado. Tentei trazer as questões da sensibilidade, força interior e resiliência”. Piaf passou por uma guerra, enfrentou a morte de pessoas queridas – do companheiro e da filha –, se rendeu ao vício em drogas, sobreviveu a três acidentes e, ainda assim, teve força para encantar o mundo com seu talento. Já o dramaturgo alemão é, simplesmente, o pai do teatro moderno, responsabilidade que Fernando trouxe para si. “Saber da história dele, de como enxergava o mundo e descobrir seu lado humano foi incrível”.

A atriz vai além sobre a montagem: “Eles (os personagens) traduzem em música o que gritam os excluídos.” É por isso que, segundo o elenco, a estreia de Vida em Vermelho não poderia ser em melhor lugar ou tempo. “O Grande ABC carrega consciência operária. Queríamos atuar onde tem sentido estar”, diz o ator que, ao lado de Sabatella e outros artistas, como Caetano Veloso, se posicionaram, em vídeo, sobre a Ocupação Povo Sem Medo, que está em propriedade privada há um mês em São Bernardo. “Mais do que artistas temos papel de cidadãos. Queremos viver em sociedade na qual todos tenham direitos. Não é possível boa convivência se houver desequilíbrio, injustiça e desigualdade. Por tudo o que sofreu, Piaf representa quem passou fome ou sobreviveu à violência. Brechet traduz essa dor. Então, de forma ou de outra, eles são as vozes e dão vozes aos oprimidos”, finaliza.

> A Vida em Vermelho – Teatro. No Sesc Santo André – Rua Tamarutaca, 302. De 6 a 22 de outubro; sextas, às 21h, sábados, às 20h, e domingos, às 19h. Ingr.: R$ 9, R$ 15 e R$ 30 (sescsp.org.br).




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