Setecidades Titulo Plano São Paulo
Região é autorizada a abrir restaurante, bar e salão de beleza no dia 6

Sete cidades avançam no plano de flexibilização divulgado pelo Estado;
shoppings e lojas de rua ganham duas horas a mais de funcionamento

Dérek Bittencourt
Do Diário do Grande ABC
26/06/2020 | 23:34
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O Grande ABC avançará de fase no Plano São Paulo de retomada econômica. Integrantes do segundo estágio (laranja), as sete cidades evoluirão para o terceiro nível (amarelo), juntamente com a Capital e a região de Taboão da Serra (totalizando 15 cidades), sendo estas as únicas três zonas do Estado nestas condições. O anúncio foi realizado ontem pelo governador João Doria (PSDB) e entrará em vigor a partir do dia 6. Esta etapa vai liberar a reabertura de salões de beleza e barbearias, bares e restaurantes – seguindo rígidos protocolos de saúde e higiene. Além disso, ampliará o funcionamento nos horários dos shoppings e lojas de rua de quatro para seis horas por dia. Também houve o anúncio da prorrogação da quarentena até 14 de julho, iniciando seu sexto período desde março.

“Estamos completando 100 dias de quarentena em 1º de julho. E o novo mapa do Plano São Paulo continua sendo uma ferramenta técnica muito importante para planejamento e execução de todo o combate à pandemia no Estado. O Plano São Paulo completa 30 dias na próxima terça e vem seguindo seu curso com sucesso e credibilidade. Porque toma como referências números, informações, cautelas e também leva em conta a economia, necessidade do emprego e a dificuldade, sobretudo, das pessoas mais pobres e humildes no nosso Estado”, disse Doria.

De acordo com os dados divulgados ontem – relativos ao período entre 18 e 24 de junho em comparação com os sete dias anteriores e baseados nos boletins da Fundação Seade –, o Grande ABC apresenta números positivos relativos à capacidade hospitalar, tendo o segundo melhor índice de oferta de leitos de Covid-19 por grupo de 100 mil habitantes, com 30,3, atrás somente da Capital, com 32,1. Além disso, a região tem taxa de ocupação de leitos UTI (Unidade de Terapia Intensiva) exclusivos para o tratamento de pacientes graves infectados pelo novo coronavírus de 64,2%, índice inferior ao da cidade de São Paulo, que é de 69,4%.

Já com relação à evolução da pandemia, os sete municípios tiveram aumento considerável na variação de casos, passando de 0,64 para 1,76. Por outro lado, foi registrada diminuição nas variações de internações (de 1,01 para 0,99) e de óbitos (1,02 para 0,82). Todos estes dados influenciaram positivamente na decisão do governo estadual.

Presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC e prefeito de Rio Grande da Serra, Gabriel Maranhão (Cidadania) exaltou o trabalho que vem sendo realizado nas sete cidades, que resultou na evolução de etapa. “Estamos muito felizes com o avanço da nossa região, que passou da fase laranja para a amarela do Plano São Paulo, fruto do trabalho árduo dos sete prefeitos ao longo da pandemia. Seguiremos a Capital no planejamento da reabertura de serviços e queremos contar com o apoio da população para cumprir o isolamento, saindo de casa somente quando for necessário, e seguir as medidas de higiene e o uso correto de máscaras”, afirmou. Segundo nota do Consórcio, “assim como a Capital, os sete municípios iniciarão estudos de protocolos para novas flexibilizações e farão uma avaliação até a próxima sexta-feira”.

REGRESSO
Se até a semana passada o Estado tinha cinco regiões integrando a Fase 1 (vermelha), a mais restrita, agora este número passou para nove: Araçatuba, Bauru, Franca, Marília, Piracicaba, Presidente Prudente, Registro, Ribeirão Preto e Sorocaba. Já na etapa laranja ficam as áreas de Araraquara, Baixada Santista, Barretos, Campinas, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto e Taubaté, além de três sub-regiões da Região Metropolitana Leste (Alto Tietê), Norte (Franco da Rocha) e Oeste (Osasco).

Evolução regional não é unânime e causa preocupação

A mudança do Grande ABC de fase no Plano São Paulo divide opiniões. Se a classe política exalta a progressão da região, há quem não concorde com a situação. De acordo com o cientista social Marcos Soares, especialista em opinião pública, mídia e estratégias em comunicação política, um dos idealizadores do instituto de pesquisas ABC Dados, evolução precipitada da região pode ter consequências terríveis.

“Todos concordam que precisamos retomar as atividades, nós mesmos aqui estamos sentindo os impactos desta paralisação. Mas as justificativas do governo estadual e das prefeituras para a retomada neste momento não me convenceram. O que parece é que estão agindo no modo ‘tentativa e erro’. Se der certo, ótimo. Se der errado, paralisamos de novo. O problema é que o ‘dar errado’ significará mais mortos do que deveria”, aponta. “A curva de infectados (do Grande ABC) continua ascendente, a de mortos também, ainda que em grau menor. Com menos distanciamento não vejo como estes indicadores possam se manter no patamar atual. Mais pessoas infectadas significará mais pessoas doentes, o que vai acabar aumentando a busca por atendimento no sistema de saúde”, emenda.

O raciocínio do epidemiologista e professor do curso de medicina da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Davi Rumel segue o de Soares. “Este plano todo é com base em números absolutos, principalmente de internação. A gente vê que está mais ou menos estável e alto. A opção brasileira foi essa: desde que o sistema de saúde aguente o número de casos internados, vamos abrindo e vivendo como se nada estivesse acontecendo. As medidas de isolamento, uso de máscara e diminuição do número de pessoas em estabelecimentos estão escritas, mas não tem nada que garanta que estão sendo seguidas na prática e que o comportamento da população seja consciente”, diz.

“O valor da vida é muito pouco na nossa sociedade e a empatia com os mais velhos e doentes crônicos vale menos ainda. Estes, se morrerem, ‘e daí?’, como diz o presidente. O Plano (São Paulo) está em curso. Então vão abrindo de acordo. E como eles mesmo dizem, se os números aumentarem, voltam para trás. E vamos enfrentar a pandemia deste jeito, abre e fecha, abre e fecha, pagando o preço pelo número de mortos, já que não temos estrutura para agir de outra forma, como outros países conseguiram”, conclui Davi Rumel.




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