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Aluno joga farinha de trigo em professora dentro da sala

Agressão ocorreu em unidade estadual de Sto.André; docente tinha feito BO por ameaça

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
21/05/2022 | 00:01
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Reprodução


A professora de matemática Roseli Jesus Leite, 52 anos, estava esperando os alunos entrarem para a sua aula, terça-feira, quando estudante de 13 anos despejou sobre sua cabeça farinha de trigo, que estava em um pote. A ação foi filmada por alunos que deram risada da ação. O vídeo foi postado em uma rede social. O que a filmagem não mostra é que quando a coordenadora da EE (Escola Estadual) Professora Francisca Helena Furia II, no Recreio da Borda do Campo, em Santo André, entra na sala para intervir, o adolescente fica agressivo e passa a ameaçar todos os presentes.

Essa não foi a primeira vez que Roseli foi vítima do garoto. Em abril, ela já havia registrado boletim de ocorrência por ter sido ameaçada de morte pelo aluno. “Na semana passada ele agrediu um estudante, tentou enforca-lo. Ficou suspenso uma semana e quando voltou fez isso”, relatou. Com 26 anos de docência, Roseli não voltou mais para dar aulas e aguarda consulta com psiquiatra. “Não tenho medo, mas estou muito revoltada”, afirmou.

A professora explicou que o agressor mudou-se para a escola em 2020. Com a pandemia, passou os últimos dois anos afastado. “Não participou de nada, não acompanhava aulas on-line. Quando voltamos presencial ano passado, mandaram ele continuar de casa porque dava muito trabalhou”, contou. Para a docente, faltou intervenção social e psicopedagógica na primeira vez que o aluno demonstrou comportamento difícil. Roseli afirmou que o estudante contou a colega sobre o que estava planejando e que assim que ela soube, avisou a diretoria. “Eles sabiam antes, mas não fizeram nada”, reclamou. O aluno mora com a avó, que tem a guarda legal. Não convive com o pai nem com a mãe.

A professora chamou a PM (Polícia Militar) na escola após a agressão, mas a direção teve que chamar o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para conter o adolescente, que estava agitado, agressivo e fazendo ameaças aos presentes. O aluno está afastado das aulas.

Coordenadora da sub-sede de Santo André da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), Hainra Asabi afirma que é preciso responsabilizar o Estado por não ter políticas públicas eficientes para introduzir um psicólogo nas unidades escolares para discutir políticas educacionais. “Esse adolescente está em extrema vulnerabilidade, filho de uma mulher que é dependente química. Temos que amparar a professora, mas também esse adolescente”, avaliou.

Em nota, a Seduc-SP (Secretaria de Estado da Educação) informou que repudia esse tipo de comportamento dentro do ambiente escolar. Que a Diretoria de Ensino de Santo André orientou que a gestão escolar convoque o Conselho de Escola, com o objetivo de apresentar o caso aos integrantes, com a presença dos responsáveis pelo estudante, para que tomem as medidas cabíveis previstas no regimento escolar da unidade.

A pasta esclareceu que no momento do ocorrido, a equipe gestora acionou órgãos judiciais competentes e está à disposição da professora. “A supervisão de ensino está na escola acompanhando o ocorrido e a equipe regional do programa de Melhoria da Convivência e Proteção Escolar estará na unidade realizando uma ação de acolhimento com apoio do grêmio estudantil. Também está à disposição da professora o atendimento com profissionais do programa Psicólogos na Educação.” 




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