Setecidades Titulo Auxílio emergencial
Com escolas fechadas, motoristas de van ficam sem pagamentos

Categoria foi muito afetada pela crise causada pelo novo coronavírus; sem receita, trabalhadores do setor agora podem receber auxílio emergencial

Yasmin Assagra
Do Diário do Grande ABC
04/05/2020 | 00:10
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André Henriques/DGABC


A quarentena por causa do novo coronavírus afetou comércios, serviços e atingiu em cheio a renda mensal de profissionais autônomos em diversos setores, como, por exemplo, os motoristas de transporte escolar. Com a paralisação das aulas pelo menos até o dia 10, conforme determinou o governador João Doria (PSDB), eles temem iminente prorrogação do isolamento físico, que poderia deixar a situação insustentável na categoria.

Motorista de transporte escolar e secretário geral do Sindicato dos Transportes Escolares de Diadema, Ricardo Ferreira, 43 anos, atende colégios municipais e estaduais no município e detalha que cada profissional está sentindo a quarentena de modo diferente, de acordo com a negociação feita com os pais. “Para o mês de abril, consegui receber de 80% dos meus clientes, pois antecipamos o valor de julho para este mês. Para maio, a realidade já é outra e não sei como vai ser”, lamenta.

Ferreira atende, em média, 80 crianças por mês e prevê cenário desastroso a longo prazo. “Até dia 27 de abril as crianças estavam de férias. Depois disso, reiniciaram o ano letivo on-line. Então, diante disso, para o mês de maio estamos negociando descontos de 50% para, justamente, os pais não suspenderem o contrato com a gente”, destaca.

O motorista, morador do Parque Sete de Setembro, comenta que atua em um coletivo com outros dez condutores e todos estão passando pelo mesmo problema, sem conseguir pensar em alternativa para a situação. “É a nossa única fonte de renda. Não podemos usar o transporte para outros serviços, pois é proibido por lei. A van, além de ir para o pátio, recebemos uma multa de R$ 5.000. Isso sem contar os profissionais que financiaram a van no início do ano. E agora? Como conseguem pagar?”, questiona.

Há 23 anos na profissão, Celia Magda Apolinário, 58, também atende escolas municipais e estaduais em Diadema e confessa que, além dos motoristas estarem nesta situação, os pais de alunos também estão com dificuldades para pagar a mensalidade. “Nunca imaginei que iríamos passar por isso e está difícil, pois o pessoal não tem de onde tirar (dinheiro). Muitos foram demitidos, salários reduzidos e reflete diretamente em nosso trabalho. Não tem jeito”, lamenta.

Magda, que trabalha na mesma equipe que Ricardo, se preocupa com os próximos meses. “Todo este cenário ainda é incerto. Meu trabalho, infelizmente, é a única renda de casa há mais de 20 anos”, finaliza.

SALVAÇÃO

Diante deste cenário desastroso uma notícia trouxe um pouco de alívio aos trabalhadores. O Senado aprovou no dia 22 de abril a inclusão dos motoristas de transporte escolar e de mais 69 categorias atingidas pela crise no programa de auxílio emergencial oferecido pelo governo federal. Assim, os profissionais do setor já podem se cadastrar para receber as três parcelas de R$ 600.

Prefeituras auxiliam profissionais com benefícios e cestas básicas

Para ajudar os motoristas de van escolares a enfrentarem a quarentena ocasionada pelo novo coronavírus, algumas administrações municipais da região já tomaram medidas para preservação dos empregos e manutenção da categoria.

Santo André, por exemplo, destacou ao Diário que prorrogou a renovação de alvarás, vistorias e pagamentos de taxas dos permissionários. A administração também distribuiu uma cesta básica para cada transportador cadastrado na SATrans (Santo André Transportes).

Em São Bernardo, a cidade também concluiu a distribuição de cestas de alimentos aos profissionais do transporte escolar. A ação, realizada pelo Fundo Social de Solidariedade do município, contemplou 1.546 pessoas do setor, entre motoristas e monitores, tanto das redes cooperadas como os particulares. “Estamos trabalhando com intensidade para acolher todos os que foram afetados pela Covid-19. Vamos abrindo inúmeras medidas para atender todos que os prejudicados”, destacou o prefeito Orlando Morando (PSDB).

Já em São Caetano, a Secretaria de Educação tem beneficiado regularmente 150 transportadores escolares cadastrados no programa Auxílio Transporte Escolar, depositando o valor de R$ 130 na conta corrente de cada um . Porém, segundo a Prefeitura, a quarentena interrompeu o processo. O Paço assumiu que busca outras formas de oferecer o benefício enquanto as escolas permanecerem fechadas.

A Prefeitura de Ribeirão Pires informou que, até o momento, não há nenhum programa de ajuda destinado exclusivamente para esta categoria. Já Diadema, Mauá e Rio Grande da Serra não responderam os questionamentos do Diário até o fechamento desta edição.




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