Setecidades Titulo Segurança
Periferia de Sto.André
registra mais crimes

Distrito que atende bairros como Vila Luzita registrou o
maior número de homicídios e estupros, segundo a SSP

Rafael Ribeiro
Do Diário do Grande ABC
28/01/2012 | 07:00
Compartilhar notícia


Responsável pelo atendimento de 45% do território de Santo André, o 6º Distrito Policial (Vila Mazzei) encerrou 2011 como a delegacia do Grande ABC com maior número de registros de assassinatos, tentativas de homicídio e estupros. O balanço é da Secretaria de Estado da Segurança Pública. A área inclui bairros como a Vila Luzita e o Jardim Santo André.

Entre assassinatos (24) e tentativas de homicídio (24), o distrito registrou média de uma ocorrência por semana. Segundo o delegado titular do DP, Marcos Alexandre Cattani, a situação já foi bem pior. "Chegamos a ter esse número de homicídios em apenas um fim de semana." Em novembro, por exemplo, não foram registrados casos do tipo, algo impensável há dez anos. Para ele, diversos fatores podem ter colaborado para a diminuição.

"O contigente que atende a região recebeu reforço. Quanto maior o efetivo na rua e o investimento em tecnologia, mais eficiente é a prevenção do crime", analisou Cattani. Fora isso, o delegado atenta para o fato de a população ter obtido maior poder aquisitivo nos últimos anos. "Com maior acesso a lazer, cultura e escolas, os moradores passam menos tempos em bares e com menor acesso às drogas e à violência", disse.

Apenas o 3º DP (Assunção) de São Bernardo apresentou em 2011 números maiores que o da Vila Mazzei em homicídios: 30. Mas o distrito é um dos dois que fazem plantão na cidade, concentrando a maioria das ocorrências. Toda a periferia de Santo André, passando por bairros às margens da Represa Billings e até a Vila de Paranapiacaba são atendidos pelo 6º DP, o que pode explicar os 24 casos de tentativas de assassinato registrados.

Problema mesmo, além do roubo e furto, que apresentou aumento superior a 7% em todo o Grande ABC, são as 26 ocorrências de estupro na área do 6º DP. Cattani admite que há epidemia no distrito andreense. "Esse preocupa sim, registramos muitos casos de repercussão, envolvendo menores e até de homens violentados", completou.

A população concorda que, embora o distrito lidere as estatísticas, a violência vem diminuindo. "Não tem nem comparação. Está igual quando me mudei aqui, em 1978. Antes, era só olhar torto que os caras resolviam as coisas na bala mesmo", disse o aposentado Francisco Luiz Melo, 62 anos, morador do Jardim Santo André.
"Antes o único lazer era ir beber. Hoje podemos comprar livros", disse o estudante Roberto Lima, 27, da Vila Linda.

Taxa de homicídios da região é a menor do Brasil

A queda de mais de 14% nos casos de assassinato registrados nas delegacias do Grande ABC em 2011, comparado ao ano anterior, fez com que a região chegasse a taxa de 8,5 homicídios para cada 100 mil habitantes. É o menor índice do gênero no Brasil, que tem taxa de 22,3, segundo a Secretaria de Segurança de Estado da Segurança Pública.

Das sete cidades, as duas únicas que apresentaram aumento no número de assassinatos foi São Bernardo (22%) e Mauá (40%). Em Diadema, o índice despencou 57%. Entre as causas para a considerável diminuição está a combinação entre Lei Seca - que prevê o fechamento de bares às 23h - e policiamento ostensivo. 
O Estado atingiu recordes em 2011. Nos últimos 12 anos, reduziu-se em 72% o número de homicídios.

Descartando mortes em decorrência de acidentes de trânsito, a taxa de assassinatos paulista é de 9,8 para cada 100 mil habitantes. Na Capital, por exemplo, taxa é de nove.

O sonho de chegar aos índices de países do primeiro mundo, por enquanto, é distante. A Alemanha, por exemplo, tem taxa de apenas 0,86 homicídios para grupo de 100 mil habitantes.

O Grande ABC pode se orgulhar, no entanto, de apresentar índices menores que países como a Rússia (14), México (14) e África do Sul (37). A taxa da região também é inferior à de continentes como a América (16,3) e toda a África (20).

"Esses números não são em vão. Foram criados mecanismos para ajudar na investigação", disse o comandante geral da Polícia Militar, coronel Álvaro Camilo.

Delegacia de S.Bernardo bate recorde de ocorrências no Estado

Com cerca de 7.000 ocorrências registradas, nenhum distrito policial trabalhou mais no estado do que o 1º DP (Centro) de São Bernardo. O número é superior até do que delegacias da Capital. Segundo a Polícia Civil, o motivo é simples: o esquema de plantão, que deixa apenas duas dos oito delegacias abertas aos fins de semana e feriados. Pela mesma razão, o 3º DP (Assunção) lidera em número de homicídios (veja quadro acima).

Justamente para evitar que o trabalho de investigação fique sobrecarregado em apenas um distrito, o secretário municipal de Segurança, Benedito Mariano, diz que é exigência da Pasta junto à Secretaria de Estado da Segurança Pública que todos permaneçam abertos no plantão. "É necessário ampliar a presença da polícia investigativa e jurídica", disse.

Crime que mais castiga a região, com aumento de até 7% nas ocorrências, roubo e furto teve 4.700 casos registrados no 1º DP da cidade, o que colaborou para inflacionar os números.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;