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Saneamento: ainda há muito o que fazer
Kelly Zucatelli
Do Diário do Grande ABC
21/08/2010 | 07:03
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A rede de saneamento básico no Brasil teve um avanço tímido em oito anos, entre 2000 e 2008. A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, divulgada ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que, em 2008, 34,8 milhões de pessoas, ou 18% da população, viviam em cidades sem nenhum tipo de rede coletora de esgoto.

Nos itens avaliados pelo IBGE, o Grande ABC mantém médias acima dos números nacionais, mas ainda há muito a ser feito. São Caetano coletar e tratar 100% do esgoto.

Em Santo André, 98% da população é beneficiada pelo abastecimento por rede de água e 2% por caminhão-pipa, 96% pela coleta de esgoto e 100% pela coleta seletiva de lixo desde 2.000.

A cidade fez grandes obras de saneamento. Entre elas, estão os serviços de drenagem, com os quais a cidade conta com cinco piscinões espalhados, além de ‘piscininhas' e galerias de águas pluviais.

Durante os primeiros quatro meses do ano, o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) investiu em diversas obras e serviços de manutenção e construções de galerias de águas pluviais, que permitem o escoamento da água da chuva, melhorando o sistema de drenagem da cidade.

Os serviços de extensão e remanejamento de redes totalizaram 1.821 m de redes de água e 487 m de redes de esgoto que beneficiaram aproximadamente 230 famílias.

Até 2012, o município tem como meta tratar 100% do esgoto coletado. Para isso será necessário investimento na instalação de coletores-troncos, no valor de R$ 17,9 milhões.

Em Diadema, no período dos oito anos houve crescimento de 17% de ativação de ligações de água, correspondente a 13.055 ligações. Com isso, a rede de água cresceu 48 quilômetros, e a população cresceu 39.965 habitantes, cerca de 11,35%.

Nesse período a rede de esgoto da cidade teve implantado 6,32 quilômetros de coletores troncos em áreas de mananciais e construiu quatro estações elevatórias de esgoto entre outras obras.

Responsável por São Bernardo, Rio Grande da Serra e Ribeirão Pires, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) explicou que em São Bernardo foram investidos em obras de água e esgoto, R$ 80 milhões, e há uma previsão de R$ 488 milhões para os próximos cinco anos, em otimização operacional da Estação de Tratamento de Rio Grande e construção de adutora e reservatório Alvarenga entre outras.

Em Rio Grande da Serra, estão em andamento obras de crescimento vegetativo e rede de ligação de água no Jardim Pouso, con verba de R$ 1,2 milhão e para a rede de esgoto do projeto Tietê 2ª etapa - expansão do sistema de esgotamento sanitário. Nesse projeto são investidos R$ 6,5 milhões.

Em Ribeirão Pires, a Sabesp oferece 77% do abastecimento de água, 62% do esgoto é coletado, sendo que 70% deste vai para tratamento. Para os próximos cinco anos estão previstos investimentos na ordem de R$ 40 milhões para ampliações dos sistema de esgotamento em vários bairros da cidade.

Em Mauá, o sistema de coleta de esgoto passou nos últimos três anos de 63% para 84%. Até o final de 2013, a concessionária deve investir R$ 150 milhões com a meta de tratar 100% do esgoto do município.


Cada R$ 1 gasto economiza R$ 4 em saúde

A PNSB (Pesquisa Nacional de Saneamento Básico) divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostra que, como a expansão da rede não acompanhou o crescimento da população, em oito anos aumentou o número de pessoas vivendo em cidades sem rede. Em 2000 eram 34,7 milhões, 100 mil pessoas a mais sem esgoto.

A proporção de domicílios com acesso à rede geral subiu de 33,5% para 44%, aumento de 31,3%. Em 2008, apenas quatro em cada dez domicílios brasileiros eram beneficiados. O crescimento de municípios com rede coletora foi ínfimo: passou de 52,2% para 55,2%, o que significa um aumento de apenas 194 localidades.

Os dados de tratamento do esgoto são ainda mais preocupantes: pouco mais de um quarto das cidades (28,5%) tratam o esgoto coletado. A PNSB é baseada em levantamento feito nas prefeituras, em órgãos públicos e privados responsáveis por serviços de saneamento e em associações comunitárias de todos os municípios brasileiros. Baseia-se, portanto, em dados oficiais dos governos municipais e não na resposta da população, como acontece com o Censo e as Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNADs).

PIORES
O retrato do saneamento básico no País pode ser ainda mais preocupante do que revelam os números. Na metodologia adotada, o IBGE considera que o município tem rede coletora de esgoto quando pelo menos um distrito é atendido. Nem a extensão nem a qualidade da rede são incluídas nessa conta. Ou seja, mais brasileiros podem estar à margem dessas estatísticas.

A extensão das mazelas provocadas pela falta de saneamento é grande. A OMS (Organização Mundial de Saúde) calcula que cada R$ 1 gasto em saneamento gera uma economia de R$ 4 em despesas com saúde. O próprio IBGE reconhece no texto da pesquisa que "o saneamento básico é fundamental em termos de qualidade de vida, pois sua ausência acarreta poluição dos recursos hídricos, trazendo prejuízo à saúde da população, principalmente o aumento da mortalidade infantil".

Além de ter avançado pouco, o saneamento básico no País é distribuído de maneira desigual entre as regiões e é deficiente especialmente no Nordeste e no Norte. Dos 34,8 milhões de brasileiros que vivem em municípios sem rede coletora, 15,3 milhões (44%) são nordestinos. (da AE)

 




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