Diarinho Titulo Educação
Para aprender longe da escola

Alunos de colégios particulares têm ajuda da internet para acompanhar tarefas em suas casas

Luís Felipe Soares
04/04/2020 | 23:57
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Montar a mochila, juntar os livros, vestir o uniforme e ir para a escola fazem parte de rotina que foi deixada de lado de maneira antecipada para os estudantes. O calendário escolar acabou alterado por causa da recomendação de isolamento social proposta pela Organização Mundial da Saúde e acatada em praticamente todas as cidades do País, incluindo as do Grande ABC. Enquanto parte das crianças e dos jovens da rede pública teve recesso adiantado (veja mais ao lado), os matriculados em colégios particulares tentam manter a sequência de estudos aproveitando a internet e ferramentas tecnológicas disponibilizadas.

Como a ideia é que os alunos não se reúnam nas salas de aula, eles lidam com assuntos diversos de dentro de seus lares. O Colégio Stocco, em Santo André, faz parte da lista de escolas que mobilizam a vida das crianças mesmo a distância. “A escola envia diariamente atividades para realizar em casa por meio do Google, onde, cada dia, uma disciplina tem os exercícios e as tarefas”, conta Leonardo Machado Nascimento, 9 anos, de São Caetano, citando ainda que os professores ficam sempre disponíveis para tirar dúvidas e fazem lives na internet de certas aulas. Nada de atividades no fim de semana.

Ele tem a ajuda da família para se manter organizado. Uma escrivaninha no seu quarto serve de ponto principal para focar nas informações e se manter concentrado. Entre as novidades durante a quarentena, cita que não precisa acordar tão cedo como de costume para iniciar o dia pela manhã. “Estou acordando mais tarde que o normal e tenho mais tempo para realizar as atividades com calma”, diz, comentando que tem conseguido acompanhar a nova dinâmica de estudos. “É mais difícil (estudar em casa). Prefiro ir na escola, onde as professoras explicam e tiram as dúvidas pessoalmente.”

Águeda Maria Vedolin Belmonte, 10, reúne diariamente materiais, cadernos, livros e o computador para tomar seu cantinho no escritório da mãe, que trabalha em casa e lhe ajuda quando pode. “A parte boa é que eu passo um bom tempo com a minha família. Acabamos interagindo bastante e é muito legal.” 

A estudante andreense confessa que algumas dúvidas sempre surgem ao longo da análise das matérias, fazendo com que procure pelos professores para resolver as questões, seja por comentários ou prints, por exemplo, dentro do sistema utilizado. “Com o tempo vamos nos adaptando. Antes era muito mais difícil, porque não sabíamos mexer na plataforma. Agora está ficando mais fácil”, comenta.

SAUDADES

Os dois estudantes confessam que não têm gostado muito de ficar em casa, principalmente por não terem, momentaneamene, os esportes praticados na educação física, além das brincadeiras em momentos de lazer. “Sinto falta de ir para aulas, de ter o professor na nossa frente explicando cada matéria e de ter os amigos do lado”, revela Águeda. O isolamento é temporário, mas faz ressaltar pequenas saudades escolares.

Jovens podem ser agentes

A ideia da quarentena longe das ruas busca evitar a proliferação em larga escala do novo coronavírus, que ainda não possui vacina preventiva nem remédio específico para tratamento. Quanto maior for o número de pessoas em casa, maior será capacidade de cada indivíduo se manter saudável e não infectar o próximo.

“Ficando em casa, estaremos nos protegendo do coronavírus e, assim, não transmitindo para ninguém, principalmente para as pessoas mais velhas (que fazem parte do grupo de maior risco de contágio)”, alerta Leonardo Machado Nascimento, estudante de São Caetano. “É mais um jeito de prevenir a contaminação do vírus para a população”, complementa Águeda Maria Vedolin Belmonte, moradora de Santo André.

Crianças e adolescentes estão dentro de faixa etária de menor infecção da Covid-19, sendo que podem até não apresentar sintomas quando confirmada a contaminação. Apesar disso, são capazes de desenvolver níveis graves da doença, com casos de morte já registrados. Parte da preocupação é que os mais novos estejam contaminados e entrem em contato com adultos, como pais e avós.

“Sinto falta de ir para a escola e fazer as outras atividades, mas sei que tudo voltará ao normal”, diz Leonardo.

Recesso e retomada de atividades agitam rede pública

O calendário das escolas da rede pública também sofreu mudanças por causa da pandemia da Covid-19. As aulas presenciais de parte desses colégios espalhados pelo Grande ABC foram temporariamente suspensas, uma vez que o período de recesso de julho, no meio do ano, acabou antecipado desde a segunda quinzena de março até o começo de abril. Alguns endereços recém-iniciaram a pausa oficial da agenda.

Parte da retomada das atividades a distância ocorre a partir de amanhã. Cada município tem apostado no desenvolvimento de ferramentas on-line para que o conteúdo chegue até os alunos, sendo que é necessário que as crianças e os responsáveis fiquem de olho nas orientações das secretarias de Educação locais e nas datas.

A Prefeitura de Santo André, por exemplo, lançou o programa Educação em Casa, no qual conteúdo especial será disponibilizado pelo site educacao.santoandre.sp.gov.br. Em São Bernardo, o projeto Aluno.com (educacao.saobernardo.sp.gov.br) promete reunir possibilidades lúdicas e de orientações às famílias dos estudantes.

A Associação de Escolas Particulares do ABC sugere a antecipação das férias de julho para as unidades de ensino privado. A medida está sendo discutida com os colégios, com alguns já aderindo ao tempo livre e outros podendo entrar em recesso a partir de amanhã. 




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