A Prefeitura de Santo André limitou o número de entradas ao Parque Celso Daniel no período noturno. Desde a semana passada, os acessos do parque, localizado no bairro Jardim foram reduzidos de oito para três, das 22h às 6h. Para isso, foram instalados portões nos pontos cegos do parque, onde os guardas municipais não conseguem visualizar a movimentação. A medida visa reduzir a violência no local e facilitar o controle de entrada e saída de freqüentadores feito pelos guardas municipais. Permanecem abertas 24h a entrada principal da avenida D.Pedro II, a da avenida Industrial e a do estacionamento, na rua das Caneleiras.

A disposição dos cinco novos portões que fecham à noite é a seguinte: dois na rua das Caneleiras; dois na avenida D.Pedro II; e um na rua Padre Vieira. Uma guarita também foi instalada na avenida Industrial. Além dos portões, foram colocadas grades em toda a volta do parque.

O Diário publicou várias reportagens denunciando o uso de drogas, assaltos e sexo dentro do Celso Daniel à noite. No ano passado, a Polícia Militar registrou dois estupros.

Apesar dos incidentes recorrentes no local, a Prefeitura de Santo André descartou qualquer possibilidade de fechar o parque ao longo da madrugada. Idéia surgida e colocada em prática pelo ex-prefeito Celso Daniel, em abril de 1999, quando o parque, que ainda chamava Duque de Caxias, passou a funcionar 24 horas. "Temos uma gama significativa de pessoas que utilizam o parque neste horário. Então, não podemos fazer isso. São pessoas que trabalham durante o dia e só têm a noite para praticar alguma atividade física", justifica o diretor do Depav (Departamento de Parques e Áres Verdes de Santo André), Ricardo Silva Kondratovich. Segundo ele, cerca de 300 pessoas praticam esportes todos os dias no Celso Daniel à noite e no início da madrugada.

Com a limitação de entradas para os usuários depois das 22h, o diretor acredita que o trabalho da Guarda Municipal será mais eficiente e que a violência será coibida. "Agora, temos como monitorar ainda mais os freqüentadores. Sabemos quem entra e quem sai", explica. Ele, no entanto, afirma não ter conhecimento se houve um aumento de ocorrências no parque.

A Guarda Municipal informou quarta-feira que os registros não aumentaram nos últimos meses. Alegando motivos de segurança, a corporação não informou o número de guardas que trabalham na área durante a noite. Ao todo, são dez guardas para monitorar o parque.

A reportagem apurou que o parque continua sendo local procurado para o consumo de drogas em Santo André. Existem também casos de pessoas que fazem sexo no interior do parque. Outra ocorrência recorrente é a de furto. Os usuários do parque são as maiores vítimas dos assaltantes. Relógios, pulseiras e correntes são os objetos mais roubados pelos ladrões.

Embora o comando da Guarda Municipal não confirme, a reportagem apurou que a imagem das 23 câmeras que monitoram os 67 mil m² não tem qualquer definição à noite. Por esse motivo, não é possível identificar uma pessoa pela imagem das TVs instaladas em uma sala na entrada da avenida D.Pedro II.

Apoio - Usuários que freqüentam o Parque Celso Daniel aprovam a iniciativa da Prefeitura em fechar alguns dos acessos. Alguns acham até que o parque deveria ser fechado a noite toda. "Acho bobagem ficar aberto. Quem vem aqui durante a madrugada é para fazer bagunça", afirmou o aposentado Laurito Teixeira Filho, 57 anos.

A estudante Patrícia Garcia, 21 anos, freqüenta o parque para estudar ao longo do dia. "Acho muito perigoso à noite. A segurança deveria ser mais ostensiva", analisou.

A solução para a queda de violência, segundo a freqüentadora Amélia Sato, 39 anos, seria aumentar o efetivo de guardas durante a noite. "Reconheço que tem muita gente que não tem oportunidade de vir aqui durante ao dia porque trabalha. Então, a solução seria reforçar a segurança. Quem ganharia com isso é a população, que continuaria tendo esta área maravilhosa de lazer para utilizar", opina.