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Exploração sexual infantil cresce
Vanessa Fajardo
Do Diário do Grande ABC
25/05/2009 | 07:01
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Embora não haja dados, representantes ligados à defesa de crianças e adolescentes reconhecem que a exploração sexual é um problema cada vez mais frequente no Grande ABC. Nos últimos dois anos, foram registradas 40 denúncias do gênero por meio do Disque 100, serviço do governo federal que recebe ligações anônimas sobre abuso e violência sexual. Os casos são encaminhados aos conselhos tutelares e varas da infância e juventude.

Para especialistas, o número está longe de mostrar a realidade da região. O pacto do silêncio e a velha máxima de que "este problema não é meu" ainda imperam na sociedade permitindo que o ciclo da violência não seja rompido. Em junho de 2005, o Diário denunciou o tráfico e a prostituição infantil nos arredores do Terminal Ferrazópolis considerado a boca do lixo de São Bernardo. No ano seguinte, a ONG Projeto Meninos e Meninas de Rua identificou 22 crianças envolvidas em exploração sexual na cidade. Na época, uma força-tarefa envolvendo diversos órgãos, como polícias civil e militar e Ministério Público, coibiram a prática. Três anos depois de o problema vir à tona, a situação ainda preocupa. "Sabemos que existe de forma mais velada. Também já detectamos ponto de exploração sexual em Diadema. Os educadores estão mapeando os locais", revela o coordenador-geral do Projeto Meninos e Meninas de Rua, Marco Antonio da Silva Souza, o Marquinhos.

O ginecologista Téo Lerner, integrante da Ravis (Rede de Atenção às Vítimas de Violência Sexual), em Diadema, lembra que a exploração sexual é uma das formas de violência menos denunciada. "Sabemos que fazer sexo em troca de dinheiro é um fenômeno presente na humanidade, a mais antiga das profissões. A novidade é encará-la como uma violação de direito no caso de crianças e adolescentes."

Longe de ser uma rota turística, as rodovias que cortam a região e a ligação com a Baixada Santista, além dos centros comerciais, seriam chamarizes para a exploração sexual. Socióloga especializada na área de políticas públicas para Infância e Juventude, Graça Gadelha, lembra que a região Sudeste atrai pelo turismo de negócios. "Muitas meninas migram para as grandes metrópoles porque encontram o apelo de ‘cidade grande' e se prostituem, não porque querem, mas por falta de opção. É uma situação de absoluta falta de oportunidade. Ninguém quer que seu corpo seja objeto de lucro."

Quem trabalha com as vítimas da violência conhece o sofrimento, o medo e a vergonha que as aflige. "Elas sentem nojo do próprio corpo, por isso temos de ter um trabalho focado no resgate da autoestima. Já tivemos casos em que os próprios pais obrigaram os filhos a se prostituírem, outros estão ligados ao vício das drogas e nem sempre relacionados à pobreza: há situações de exploração de jovens de classe média", conta Maria Helena Placeres Simões, coordenadora do Espaço Andança, porta de entrada de crianças em situação de rua e vinculado à Fundação Criança, de São Bernardo.




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