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Hospital em Mauá realiza cirurgia inédita no Brasil

Minimamente invasiva, técnica inovadora é utilizada para prevenir AVC em paciente que não pode usar anticoagulantes

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
24/02/2022 | 00:39
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Divulgação


Procedimento inédito realizado no início de fevereiro no Hospital Brasil Mauá – antigo Hospital América – pode ajudar a diminuir os casos de AVC (Acidente Vascular Cerebral) em pacientes portadores de fibrilação atrial (arritmia cardíaca) que não podem ser tratados com anticoagulantes, situação que afeta de 30% a 40% dos pacientes. Trata-se da oclusão do apêndice atrial esquerdo, uma pequena câmara do coração, localizada na parede muscular do átrio esquerdo, em formato de saco, responsável pela origem de cerca de 90% dos trombos (coágulos) cardíacos.

A intervenção foi realizada pela primeira vez no País em uma técnica que utiliza a prótese Watchman FLX combinada com o dispositivo de proteção cerebral Sentinel. Minimamente invasivo, o procedimento foi feito no setor de hemodinâmica do hospital, com anestesia geral, e durou cerca de uma hora. A paciente foi uma senhora de 85 anos, com fibrilação atrial, que apresentava um coágulo no apêndice atrial esquerdo e restrições às medicações anticoagulantes.

Inicialmente, por meio de uma punção na artéria radial direita, um cateter (tubo fino e flexível) permitiu a colocação do dispositivo Sentinel na região do tronco braquiocefálico arterial. O dispositivo consiste, basicamente, em dois filtros de cerca de 10 milímetros cuja função é evitar que qualquer partícula do trombo que possa se desprender do coração durante a intervenção suba para a região do cérebro.

“Os filtros são colocados antes da instalação da prótese e funcionam como uma barreira física que evita que qualquer vestígio do coágulo viaje até o cérebro”, explica o coordenador do setor de hemodinâmica dos hospitais Brasil e Brasil Mauá que liderou o procedimento, Marden Tebet. “Eles conferem ainda mais segurança para esse tipo de abordagem.”

Depois que o Sentinel foi devidamente instalado, Tebet e equipe iniciaram a colocação da prótese Watchman FLX. Um cateter foi inserido na veia femoral, na região da virilha e, com o auxílio de aparelhos de imagem, o dispositivo autoexpansível, em forma de paraquedas, feito de nitinol (liga metálica de níquel e titânio) e uma malha de polietileno, foi implantado no apêndice atrial esquerdo, impedindo tanto a saída do coágulo ali presente como a formação de novos coágulos. Logo após a implantação da prótese, o dispositivo Sentinel foi removido.

“A oclusão do apêndice atrial esquerdo é o tratamento recomendado para as pessoas em que os anticoagulantes orais ou não podem ser usados ou não alcançam resposta satisfatória, o que corresponde a cerca de 30% dos pacientes”, afirmou Tebet. O procedimento realizado usa técnica já consolidada no Exterior, que passa a ser realizada no Brasil, por enquanto, apenas em hospitais privados.

IMPACTOS DO AVC
O AVC, conhecido popularmente por derrame cerebral, é a segunda doença que mais mata os brasileiros, sendo a principal causa de incapacidade no mundo. Aproximadamente 70% das pessoas não retornam ao trabalho após um AVC devido às sequelas e 50% ficam dependentes de outras pessoas no dia a dia. Tabagismo, hipertensão arterial, sedentarismo e doenças do coração, especialmente as arritmias (batimentos cardíacos desregulados), entre outros fatores, aumentam o risco de desenvolver a doença.  




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