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De S.Bernardo a São Paulo, de balsa
Glauco Araújo
Do Diário do Grande ABC
03/01/2004 | 18:19
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Quem precisa usar as três balsas que ligam o Riacho Grande, em São Bernardo, a São Paulo, cortando a represa Billings, tem o privilégio de ir de casa para o trabalho e vice-versa em meio a uma paisagem surpreendente, de recantos escondidos à beira d’água, daquele tipo de impressiona o visitante e faz o morador contar vantagem.

As balsas são operadas pela Emae (Empresa Metropolitana de Água e Energia) e a travessia é de graça, tanto para carros como para pedestres.

Para quem parte de São Bernardo com destino a São Paulo, é preciso tomar primeiro a balsa João Basso/Riacho Grande. Ela une o Riacho Grande com o bairro Tatetos, ainda em São Bernardo. É lá que fica a Vila do Pescador, que já abrigou a colônia de pescadores profissionais da Billings, e estão terras das reservas indígenas do Curucutu e Morro da Saudade, ambas demarcadas pela Funai (Fundação Nacional do Índio).

O número anual de pedestres que circulam por essa balsa chega a 3,4 milhões e a 930 mil veículos, segundo dados divulgados pela Emae. Na Vila do Pescador vivem figuras típicas como Antonio Lopes, 72 anos, que decidiu se recolher ao local depois de uma “desilusão amorosa” e vê nas águas da represa Billings e na companhia de seu melhor amigo, o cão Tarti, uma maneira de descansar. A vida ele garante com uma pesca que dá apenas para a sua subsistência.

Seguindo viagem, deixando índios e pescadores para trás, chega-se ao bairro Taquacetuba. De lá, basta embarcar na segunda balsa do trajeto a São Paulo: Riacho Grande/Ilha de Bororé. Por ela, passam anualmente 340 mil pedestres e 100 mil carros.

Alguns metros adiante, fica a paróquia Cristo Ressuscitado, da comunidade São Sebastião, com uma pequena igreja, com ares de capela pelo tamanho acanhado do prédio, mas que se tornará centenária em 20 de janeiro de 2004. À ilha, já na zona Sul de São Paulo, só é possível chegar e sair de balsa. Funciona como uma rota de passagem (leia reportagem nesta página).

A ilha é praticamente um filete de terra que separa Taquacetuba da zona Sul da capital. A poucos metros da paróquia Cristo Ressuscitado é possível chegar a terceira e última balsa no trajeto São Bernardo a São Paulo: Ilha de Bororé/Grajaú.

Passando por mais esse braço estreito de água, um destino, no mínimo surpreendente, acolhe o visitante assim que ele chega em terra novamente: o Prainha’s Country Club. No local, funciona um conglomerado de quiosques, onde todos tocam músicas nordestinas, do forró e xote ao baião.

Não precisa andar muito para descobrir uma verdadeira praia, sempre lotada nos fins de semana, mas que pode ser uma ótima opção nos dias úteis para quem não pode ir a uma praia deserta no litoral brasileiro. A diferença é que a água é doce.




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