Existem dois tipos de cálculos de vesícula: os que são formados por desequilíbrio em um dos componentes da bílis (água, sais biliares e colesterol) e os pigmentados, que são causados por doenças sangüíneas. Apenas o segundo aparecia com freqüência em crianças.
Para o gastroenterologista Hélcio Pinheiro Teles, de Santo André, crianças obesas, sedentárias e que não têm alimentação balanceada são mais propensas a desenvolver cálculos formados por desequilíbrio em um dos componentes da bílis.
“Atualmente, os alimentos possuem mais gordura e colesterol, e esses ingredientes são um veneno para a vesícula, pois aumentam a probabilidade de formação de cálculos”, disse.
No caso das meninas, o surgimento da doença pode estar associado também ao início da puberdade. “Parece que existe uma relação com os hormônios, que começam a aumentar nessa fase.”
A formação de cálculos na vesícula começa com cristais, que se transformam em microcálculos e, mais tarde, chegam às chamadas pedras. De acordo com João Luiz de Miranda Rocha, gastroenterologista e chefe do PA (Pronto Atendimento) do Hospital Brasil, de Santo André, antigamente, só se ouvia dizer que mulheres com muitos filhos e obesas é que tinham cálculo na vesícula.
“Esse conceito mudou. Tenho observado muitas crianças com o problema por causa da má alimentação. Hoje é muito comum comer bolachas recheadas, requeijão e lanches em fast-food. Esses alimentos são ricos em gordura e colesterol”, disse.
A grande maioria dos pacientes com cálculo na vesícula são assintomáticos, ou seja, não sentem nada. “Mas muitas pessoas podem ter enjôos, dores abdominais sem localização exata e vômitos. Nesses casos, o médico deve investigar para descobrir se o cálculo não migrou da vesícula para o canal, aumentando a dor e levando (a pessoa) a eliminar urina de cor mais escura”, disse a gastroenterologista pediátrica do Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, Regina Helena Mattar.
Tratamentos – Os especialistas são unânimes em afirmar que o melhor tratamento é a cirurgia. “Alguns tipos de cálculo respondem a tratamento com ácido ursodeoxicólico. Por outro lado, pode desencadear outras pedras. A retirada da vesícula ainda é a melhor solução e não há porque se preocupar, já que o organismo se adapta rapidamente sem esse órgão”, afirma Teles.
A única função da vesícula é armazenar a bílis, que não pára de ser produzida após a retirada do órgão. A bílis é um líquido expelido pelo fígado e que auxilia no processo de digestão.
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