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Acesso livre para ambulantes...

Comerciantes ilegais atuam diariamente em
praças de pedágio da Anchieta e Imigrantes

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
21/08/2017 | 07:05
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André Henriques/DGABC


 Acesso obrigatório para motoristas que desejam acessar o Litoral Paulista, as praças de pedágio do SAI (Sistema Anchieta-Imigrantes) se tornaram verdadeiros territórios sem lei. Dominados por ambulantes, mesmo com a prestação de serviço feita por eles ser proibida pela lei estadual 7.452 de 26 de julho de 1991, os espaços têm sido disputados palmo a palmo por integrantes do comércio ilegal de alimentos e acessórios para veículos que, nos últimos anos, têm invadido rodovias de todo o Estado.

Impulsionada pela falta de fiscalização por parte de forças policiais e também pela própria Ecovias, concessionária responsável pelo sistema, a atuação de ambulantes tem tido acesso livre na entrada para as cabines de pedágio do SAI, onde motoristas pagam R$ 25,20 – uma das tarifas mais caras do País – para usufruir do sistema que, segundo condutores, não tem justificado a cobrança de um preço tão alto. “Se a rodovia fosse perfeita, com Segurança e sem atuação de ambulantes, até seria justo pagar esse valor. Mas com essa falta de Segurança que temos hoje chegando em Santos não acho justo cobrar esse valor”, avalia o caminhoneiro Roberto Sartori, 42 anos.

Nas últimas duas semanas, a equipe de reportagem do Diário percorreu, em três oportunidades, praças de pedágios do sistema e constatou a atuação de ambulantes. Em curto espaço é possível comprar água, refrigerante, salgadinhos e até mesmo acessórios para veículos, como carregador para celular.

Sem qualquer impedimento por parte de funcionários da concessionária que atuam em cabines de pedágios, os ambulantes transitam livremente entre as faixas de rolamento da rodovia, a fim de ir ao encontro das cabines onde há maior concentração de automóveis.

Embora a prática seja proibida e, em muitos casos, motoristas reprimam tal situação em virtude do risco oferecido para eles mesmos, não é difícil encontrar condutores de veículos que incentivam tal prática. “Em dias de calor, eles acabam sendo uma mão na luva. Quase sempre esqueço de levar água”, diz o estudante Heitor Nóbrega, 28.
Problema noticiado pelo Diário desde janeiro de 2000, quando à época a Ecovias pedia à comissão de concessões da Secretaria de Estado dos Transportes que intensificasse a fiscalização dos vendedores ambulantes que trabalham no local em virtude de assaltos ocorridos nas estradas por bandidos disfarçados de ambulantes, o comércio ilegal em praças de pedágio foi fator determinante para que a rodovia registrasse, em maio deste ano, a morte de duas pessoas.

Ambos, um motociclista e uma vendedora ambulante, morreram perto do km 32 próximo ao pedágio da Rodovia dos Imigrantes, em São Bernardo. O motociclista Danilo Fernandes, 57, voltava do trabalho, no Litoral, quando atropelou a vendedora, que atravessava a rodovia falando ao celular. Em seguida, eles foram atropelados por outro veículo.
O episódio, no entanto, não foi suficiente para mudar a realidade dos ambulantes. No último dia 10, por exemplo, a equipe do Diário flagrou o momento em que um veículo vindo do Litoral abastecia ambulantes com mercadoria.

Em nota, a Ecovias disse estar ciente dos transtornos aos usuários do SAI e do risco de acidentes, e afirmou que tem apoiado amplamente a Polícia Militar Rodoviária, o DER (Departamento de Estradas e Rodagem) e a Artesp (Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo) a fim de intensificar as fiscalizações e coibir esta prática ilegal. “Foi formado, inclusive, um grupo de trabalho, coordenado pela Artesp, que trata especificamente desta questão.”
Segundo a Polícia Militar Rodoviária, foram realizadas 37 operações de fiscalização desde novembro de 2016, as quais resultaram na retirada dos ambulantes e na apreensão de mercadorias (aproximadamente oito toneladas).

A Artesp, por sua vez, ressaltou realizar constantemente reuniões com objetivo de intensificar a fiscalização no local e promover a segurança viária dos usuários das rodovias.




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