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Jovem sem mão ganha prótese

Estudante de Engenharia Marcelo Botelho produz o equipamento em impressora 3D; Luanderson Rodrigues sonha com emprego fixo

Camila Galvez
Diário do Grande ABC
26/05/2014 | 07:02
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Ricardo Trida/DGABC


A falta da mão esquerda nunca foi empecilho para o jovem Luanderson Alexandrino Rodrigues, 21 anos, ajudar no sustento dos sete irmãos. O morador do bairro Alto Industrial, na periferia de São Bernardo, trabalha desde os 12 em semáforos da cidade. Para sobreviver, o rapaz, que nasceu sem o membro devido a uma má formação chamada síndrome da banda amniótica, faz malabares com até quatro bolinhas. “Com a mão nova, minha expectativa é conseguir um emprego de verdade, com carteira assinada, ter estabilidade e não me preocupar caso tenha um problema de saúde.”

Por mão nova Rodrigues quer dizer a prótese que o aluno de engenharia Marcelo de Moraes Botelho, 28, está elaborando especialmente para ele, sem cobrar nada por isso. Botelho mora em Ribeirão Pires e estuda em São Caetano. Há alguns anos planeja ajudar pessoas a terem mais autonomia. “A ideia começou com animais. Via muitos pelas ruas sem pata, e pensava que seria interessante fazer uma prótese para eles. Comecei a pesquisar o tema e percebi que era possível executar também o equipamento para humanos.”

O desejo começou a se tornar realidade quando o estudante recebeu da empresa em que trabalha a doação de uma antiga impressora 3D. É com ela que a mão para Rodrigues deixou de ser apenas uma ideia. “A prótese é feita com um tipo de termoplástico que custa R$ 120 o quilo. Para fazer uma unidade, não gasto mais que R$ 30”, explica.

Com a impressora, faltava a Botelho uma pessoa que precisasse do equipamento. Ele buscou com entidades da região, mas teve dificuldades para encontrar alguém que se adaptasse ao projeto. Foi quando, no feriado do Dia do Trabalho, resolveu mudar o caminho que costumava fazer para ir à faculdade diariamente, pois precisava se encontrar com colegas para fazer um trabalho por lá. Num semáforo no Centro de Santo André, encontrou o malabarista, que não tinha a mão esquerda. E foi logo oferecendo: “Você quer ganhar uma mão?”

Rodrigues achou que fosse brincadeira. “Já tinham me oferecido, mas o cara nunca mais voltou. Só comecei a acreditar mesmo quando ele apareceu de novo no semáforo para medir o meu braço.”
A prótese é adaptada para as medidas do punho de Rodrigues e permite o movimento de abre e fecha dos dedos por meio de fios de náilon. “Claro que é necessário um tempo de adaptação, mas ele poderá pegar objetos, inclusive as bolinhas, com tranquilidade depois que estiver acostumado com a prótese”, garante Botelho.
O objetivo do futuro engenheiro é transformar o projeto em ONG e fornecer mais próteses de mão para quem precisa. “Os benefícios são o preço, a facilidade na confecção e a possibilidade do movimento, pois não se trata apenas de um equipamento de estética.” A nova mão de Rodrigues deve estar finalizada em uma semana.

Para interessados em ganhar uma prótese personalizada, Botelho pede que entrem em contato por meio de seu blog (http://retromotus.blogspot.com.br/). Por enquanto, o estudante faz apenas próteses para mãos, mas já pretende melhorar a tecnologia para, assim, conseguir executar o equipamento robótico, com ligação direta nos músculos e que proporciona movimento de abre e fecha para todos os dedos individualmente. 




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