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Horário de motorista
impede terapia de
paciente na Capital

Em São Bernardo, cadeirante precisa de transporte após as 17h e aguarda vaga no serviço da Prefeitura

Thaís Moraes
Do Diário do Grande ABC
12/06/2013 | 07:00
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André Henriques/DGABC


A técnica em segurança do trabalho Karla Moreno, 27 anos, está impossibilitada de comparecer à reabilitação que realiza há um ano em unidade da AACD (Associação de Assistência à Criança Deficiente), no Ibirapuera, em São Paulo. Isso porque o serviço de transporte oferecido pela Prefeitura de São Bernardo não funciona depois das 17h.

Karla tornou-se cadeirante após sofrer trombose cerebral em 2011, que a fez perder todos os movimentos do corpo e a fala. Desde então, sua mãe, a dona de casa Marcia Moreno, 51 anos, a acompanha em diversas sessões de reabilitação.

Até o mês passado era o irmão da jovem que a levava e a acompanhava todas as segundas-feiras, das 13h40 às 17h, e quartas-feiras, das 17h às 18h20, para tratamento com fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo e terapeuta ocupacional na unidade da Capital.

“Meu filho começou a trabalhar e agora dependemos do transporte da Prefeitura. Depois de entregar todos os documentos para obter o benefício, me ligaram para informar que o transporte foi negado porque os horários da minha filha não batem com os do motorista, que trabalha só até as 17h”, conta Marcia com indignação.

Além da AACD, Karla fazia fisioterapia e hidroterapia na Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo), mas precisou suspender as atividades por conta da falta de transporte. “Quando busquei o benefício no Centro de Regulação de Transporte, fui informada de que deveria escolher entre a Uniban e a AACD”, diz Marcia.

Hoje em dia, após inúmeras sessões de reabilitação, Karla já mostra avanços e mexe os braços e as pernas; situação bem diferente da jovem que necessitou fazer traqueostomia. “Minha filha precisa voltar a andar, mexer as mãos e principalmente voltar a falar, que é o que ela mais quer.

Segundo a Prefeitura de São Bernardo, em abril, foram transportados cerca de 870 pacientes que seriam atendidos na região e na Capital em serviços como hemodiálise, fisioterapia, consultas e exames.

A administração admitiu a dificuldade em conciliar os horários dos motoristas com os de alguns pacientes, mas garantiu que o Serviço de Transporte Sanitário está em contato com a direção da AACD para verificar a possibilidade de antecipar o horário do tratamento da munícipe.

Ainda de acordo com a Prefeitura, o horário da maioria dos motoristas é das 8h às 17h, mas há os que iniciam o expediente mais cedo ou no período noturno, mas há agenda a ser cumprida e novos atendimentos dependem de adequação dos horários dos motoristas. São 16 carros e 11 ambulâncias básicas disponíveis.

Cidades priorizam período comercial

A equipe do Diário entrou em contato com outras cidades para saber se o transporte para pessoas com mobilidade reduzida também era feito dentro do horário comercial.

Santo André informou que o transporte para cadeirantes funciona das 8h às 17h, mas que o horário pode ser estendido de acordo com a demanda espontânea. O município atende mensalmente 6.000 pessoas.

Em São Caetano, o serviço prestado a cerca de 120 pessoas funciona das 7h às 17h, mas, segundo a Prefeitura, caso haja necessidade, o solicitante deve entrar em contato com a central de agendamento para verificar a disponibilidade.

A Prefeitura de Diadema informou que o transporte é realizado das 7h às 18h, mas que há motoristas de plantão caso o paciente seja liberado após as 18h. No serviço prestado a usuários da AACD, os carros estão disponíveis das 5h às 21h. Em média são atendidas de 300 a 350 pessoas diariamente.

Já Ribeirão Pires informou que o serviço de transporte é prestado no horário indicado pelos pacientes, cujo serviço atende mais de 800 pessoas mensalmente.

As prefeituras de Mauá e Rio Grande da Serra não enviaram dados.

O Consórcio Intermunicipal está em negociação com o governo do Estado para a implementação de unidade da rede Lucy Montoro na região. O serviço evitaria que parte dos pacientes precisasse se descolar à Capital para ter acesso aos serviços de reabilitação.  




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