Localizada no Parque Guaraciaba, em Santo
André, represa artificial continua atraindo pessoas
Passados quase dois anos do último caso de morte por afogamento registrado no Tancão da Morte, localizado dentro do Parque Guaraciaba, em Santo André, o local recebe forte esquema de segurança. Além de portões trancados com cadeado, equipe da GCM (Guarda Civil Municipal) realiza monitoramento da área durante 24 horas, tanto em rondas a pé quanto via barco. Exagero? Nem um pouco. Embora o histórico do espaço seja assustador – desde a década de 1990, pelo menos 33 pessoas perderam a vida na represa artificial –, a invasão da localidade por parte da população continua sendo comum.
Conforme o comandante da GCM Rogério Durante, a vigilância é necessária. “Havia acesso pelo aterro, localizado na retaguarda do parque. Ele era vigiado por empresa privada, mas, muitas vezes, de acordo com o clima, algumas pessoas conseguiam entrar no local.”
Foi por esta trilha que cinco adolescentes do Jardim Oratório, em Mauá, com idade entre 12 e 17 anos, conseguiram chegar à represa artificial no dia 30 de janeiro de 2014, após matarem aula para fazer piquenique. A tragédia se deu quando um dos meninos quis dar o último mergulho e morreu afogado. Os outros quatro garotos pularam na água para salvá-lo, mas também perderam a vida. Houve apenas um sobrevivente, de 15 anos.
Na época, a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público e Cidadania do MP (Ministério Público) de Santo André determinou que a Prefeitura andreense mantivesse toda a área do Parque Guaraciaba fechada.
SEGURANÇA
A equipe do Diário obteve autorização para ir até o local e acompanhar as atividades dos GCMs. Uma viatura com dois guardas fica estacionada na área próxima ao portão de entrada, trancado com corrente e cadeado. O local ainda conta com o aviso de ‘proibido nadar, perigo de morte’.
Os guardas ficam bem em frente à única margem da represa. Segundo o comandante, esses homens que também são habilitados a realizar salvamentos, fazem rondas em todo o local, inclusive na área de mata. Para o deslocamento, um barco a motor é disponibilizado, sendo possível observar a inconsistência da represa. Ela mantém pontos mais rasos no centro, onde é possível visualizar montes de terra, e fundos a poucos pés das margens.
A represa pode chegar a até 25 metros de profundidade. Porém, o maior perigo é o solo inconstante. “Aqui era área de prospecção de minério. Havia empresa que tirava esse material e isso foi transformando a região em local totalmente desigual. O que acaba acontecendo, é que, em certos momentos, você tem lama, em outros areia, ou mistura dos dois materiais, o que pode confundir qualquer pessoa que se aventure a entrar nas águas. O perigo de alguém ficar preso é muito grande”, afirmou o comandante.
FALHAS
Mesmo com o forte esquema de segurança, há quem encontra maneira de entrar no Tancão. Quem mora no bairro ou passa sempre pelo local, já foi testemunha de diversas tentativas. “Sempre que o pessoal quer acaba dando um jeito. Eu já vi gente tentando entrar pelo vão do portão e até mesmo tentando entrar pelas empresas ao lado”, disse a auxiliar administrativa Lara Cardoso Lopes, 28 anos.
O aposentado José de Araújo, 70, que mora em frente ao portão principal da área, destaca que os invasores são, em sua maioria adolescentes. “A maior parte deles tenta pular o portão. Eu já chamei a atenção e falei que morreu muita gente aí”, disse.
O comandante afirma que não há nenhuma entrada aberta ao público, mas que isso não impede as tentativas. “Há essa grande área verde que divide o perímetro urbano do perímetro do parque. e também propriedades privadas ao lado do terreno. Apesar disso, todos os muros possuem cerca e nós orientamos os proprietários quanto às invasões.”
A GCM ressalta que, no período de verão, a atenção fica redobrada. Nessa época, os guardas municipais chegam a flagrar três pessoas por dia tentando acessar o local. “Quando encontramos alguém perdido, o que acaba acontecendo muitas vezes, nós reconduzimos essa pessoa e explicamos da proibição. Porém, é importante lembrar que se a pessoa estiver realmente tentando entrar e desconsiderar os avisos, ela pode ser autuada por descumprir uma medida judicial e pode até mesmo ser conduzida a uma delegacia”, disse Durante.
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