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Amor que alimenta

Criado há seis anos, projeto social distribui 600 refeições para pessoas em situação de rua

Vanessa Soares
Do Diário do Grande ABC
25/01/2020 | 23:59
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Nario Barbosa/DGABC


“Se as feridas do teu próximo não lhe causam dor, a sua doença é pior do que a dele.” A frase do pensador Tinho Aires traduz ao pé da letra o sentimento que motivou a cabeleireira Gisele Capelli, 35 anos, a idealizar o projeto Anjos da Sopa, em Santo André, que entrega, religiosamente, toda segunda-feira à noite, refeições para pessoas em situação de rua em várias cidades.

Muito mais que alimentar, o objetivo principal de Gisele e dos, em média, 35 voluntários que atualmente estão envolvidos com o projeto é levar amor, acolhimento e um pouco de esperança às pessoas em situação de vulnerabilidade. “Gostaria que todo mundo pudesse ver o que vejo e sentir o que sinto. Acredito que isso melhoraria não só o mundo, mas a vida de todos. Quando você começa a ajudar uma pessoa que tem menos e ela se mostra mais feliz, mais entusiasmada com a vida do que você, que tem muito mais condições, não reclamar se torna uma obrigação”, acredita. 

O projeto teve início após uma amiga contar a Gisele que participou de uma ação para arrecadar cobertores. “Era algo que eu tinha muita vontade de fazer, porque vem de berço. Minha mãe sempre acolheu pessoas. E, de repente, estávamos fazendo sopa no fundo da minha casa”, lembra.

Eles começaram há seis anos servindo cerca de 70 refeições, que além da sopa inclui pão francês e suco, para 600 pessoas, atualmente. 

Às segundas-feiras, o grupo se se reúne desde cedo para o preparo do alimento e no começo da noite coloca tudo nos carros e parte para distribuição, que é realizada em Santo André, São Bernardo, São Caetano, Mauá e São Mateus, na Zona Leste da Capital.

O ponto de encontro é na esquina entre as ruas Bernadino de Campos e Campos Sales, no Centro de Santo André, onde os voluntários formam um círculo e, de mãos dadas com os moradores de rua, realizam uma oração. De lá, se dividem em equipes e cada uma segue para o seu destino.

Muitos moradores de rua conhecem a equipe há tanto tempo que compartilham a vida, histórias, dores e lembranças como se fossem parte de uma mesma família. Entre eles está Valdeci Barbosa, 76 anos, conhecido como Sr. Barbosa, que está em situação de rua há cerca de sete anos. “A sopa é uma delícia”, garante.

VOLUNTARIADO

Sem a ajuda das pessoas que preparam as refeições, de quem participa das entregas ou daqueles que doam alimentos, entre outras atividades, nada disso seria possível. Por isso, Gisele explica que o projeto está aberto para quem quiser ajudar. “Sou católica, mas prego muito o ecumenismo. Aceito todas as pessoas, porque Deus não é religião, Ele está dentro de nós. E essas pessoas tendem a seguir a Cristo, e seguir Jesus nada mais é do que fazer como Ele ou se espelhar naquilo que fez quando passou por aqui”, acredita.

Além disso, a analista de comércio exterior Mônica Helena Lucca Marchetti garante que se tem um trabalho recompensador, este é o voluntário. “É apaixonante e me transforma de todas as formas imagináveis. Fazer algo por alguém, conhecer a história das pessoas, tanto moradores quanto voluntários, ser útil, é muito gratificante”, afirma ela, que já participa há um ano.

COMO AJUDAR

Há inúmeras formas de contribuir com os Anjos da Sopa. Do início ao fim eles dependem das doações de voluntários. Semanalmente, são necessários ingredientes como peito de frango, macarrão, legumes, verduras, suco, pães etc. 

Além disso, como forma de incentivar a reciclagem, contribuir com o meio ambiente e economizar, as sopas são entregues em potes de margarina de 500 gramas e os sucos em garrafinhas de 500 mililítros, mas, para isso ser possível, dependem de doações, que podem ser enviadas pelos Correios ou entregues pessoalmente na Rua Javri, 449, Vila Assunção.

Informações estão disponíveis na página do projeto no Facebook (anjosdasopadesantoandre) ou pelo Whatsapp 97215-4434. 




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