O corte no Orçamento da União para este ano ameaça o projeto de expansão da UFABC (Universidade Federal do ABC) em Santo André. Em entrevista concedida na tarde de ontem, o reitor da instituição, Klaus Capelle, destacou que a construção de bloco anexo, em área de 26,5 mil m² do outro lado da Avenida dos Estados, pode sofrer atraso, tendo em vista a falta de R$ 20 milhões para a obra neste ano e nenhuma garantia de recursos por parte do MEC (Ministério da Educação) futuramente.

“O orçamento é uma das preocupações do momento. Nos faltam R$ 20 milhões para 2015. Isso não é uma frustração, mas um desafio. Estamos finalizando o projeto executivo para este anexo e vamos poder iniciar essa obra com o recurso que temos, mas não no ritmo desejado. Ficou mais complicado manter o cronograma (entrega programada para o fim de 2017), mas ainda não desistimos”, destaca Capelle. O projeto prevê investimento de R$ 130 milhões na construção de três prédios para abrigar salas administrativas e de professores, almoxarifado e estacionamento, além de passarela por cima do Rio Tamanduateí.

O projeto de LOA (Lei Orçamentária Anual) para despesas com pessoal, custeio e investimento da UFABC neste ano é 7% menor que o orçamento da instituição em 2014 – passou de R$ 262,9 milhões para R$ 244,4 milhões. O valor destinado a melhorias teve baixa de 53% no período: foi de R$ 86,3 milhões no ano passado e tem previsão de R$ 40,7 milhões para 2015. “Quero destacar que temos confiança e boa relação com o novo ministro (Renato Janine). Na última reunião que tivemos, ele afirmou o compromisso de preservar o recurso para custeio das universidades”, explica o reitor. Na prática, segundo Capelle, o funcionamento das instituições de Ensino Superior federais está garantido neste ano, no entanto, planos de expansão e novos investimentos deverão ser estudados.

Nove anos após sua fundação, o campus Santo André da UFABC ainda não está consolidado. A meta da instituição é concluir o projeto inicial do espaço neste ano. Restam a finalização dos blocos C e E, que correspondem aos centros cultural e esportivo, respectivamente.

CARTA

Reitores das dez mais novas universidades federais do País se reuniram, ontem, para elaboração de carta de demandas comuns às instituições ainda não consolidadas ao MEC. “A ideia dessa demanda conjunta nasceu em encontro realizado no ano passado. Não é motivada pela crise. É uma proposta de aproveitar sinergias entre as novas e novíssimas universidades federais e não de competir com as já consolidadas”, ressalta Capelle.

O documento aborda desde questões relacionadas ao impacto dos cortes no Orçamento na consolidação das novas universidades, a proposta da Andifes (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior) de retomar, atualizar e expandir o Reuni (Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), a revisão dos métodos e mecanismos de avaliação dos bacharelados e licenciaturas interdisciplinares e dos novos cursos de pós-graduação, além da necessidade de revisão na lei que rege o processo de licitações no País (Lei 8.666 de junho de 1993).

Além da UFABC, assinam o documento os reitores da Universidade Federal do Cariri, Universidade Federal da Fronteira Sul, Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira, Universidade Federal da Integração Latino-Americana, Universidade Federal do Oeste da Bahia, Universidade Federal do Oeste do Pará, Universidade Federal do Pampa, Universidade Federal do Sul da Bahia e Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará.