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Grande ABC tem lugar na Sapucaí
Rita Norberto
Do Diário do Grande ABC
08/02/2003 | 18:22
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  Quando as escolas do Rio entrarem na avenida, além de cariocas, estrangeiros do mundo todo, também haverá moradores do Grande ABC. Todos com uma coisa em comum: saber como é a emoção de participar da maior festa popular do Brasil, o Carnaval. Entre os foliões regionais, alguns estão estreando, outros já desfilam há anos. Uns desfilam para ver como é, outros são aficionados. Em comum, a impressão, depois desfeita, de que era muito difícil participar. Mas um dia arriscaram perguntar e ainda neste mês estarão lá, na Marquês de Sapucaí. Neste ano, pelo menos 25 moradores da região estarão no desfile da Mangueira.

Pessoas como o cabeleireiro José Roberto Domingos, o Beto, 36 anos que já desfile no Carnaval do Rio há 15 anos, que começou saindo na Portela, a sua escola de coração, e desde 1995 sai também na Beija-Flor e na Imperatriz Leopoldinense. Já chegou a cometer a loucura de sair em nove escolas (do grupo de acesso e o especial), por causa de convites de amigos. Neste ano, claro, ele estará lá. “Meus amigos me falam, que agora chegou o meu Natal, o Ano-Novo. Eu trabalho direto, mas o Carnaval é sagrado e todo ano é como se fosse o primeiro.”

Além de desfilar nas três escolas do Rio, Beto também sairá na Rosas de Ouro, estreando no Carnaval paulista. Nunca saiu antes, porque não dava para conciliar. “São Paulo evoluiu muito e descobriu o seu estilo próprio e tem hoje um nível altíssimo”, disse.

Outro estreante, mas na Sapucaí, é o também cabeleireiro e maquiador, Marcelo Brait, 30 anos, que sairá na Beija-Flor, no Rio, e na Rosas de Ouro, em São Paulo. “Adoro samba, mas nunca saí. Achava que era difícil, tinha medo. Mas não é. Dizem que sou bombom Ouro Branco, branco por fora e preto por dentro, de alma.” Gastará em torno de R$ 500 nas fantasias. “Já trabalhei na Sapucaí (maquiando modelos que iam desfilar) e pude sentir de perto a emoção. Agora, imagine sair na avenida? Quando se escuta o repique da bateria é emocionante. Quando estamos lá, dá vontade se associar à escola, comprar uma casa no morro e ficar por lá.”

Bancário e amante do Carnaval (saía há 12 anos na escola de samba Ocara Clube, em Santo André) Idalísio Torres, 44 anos, tinha um antigo sonho: um dia desfilar na Mangueira. Mas, como a maioria das pessoas, pensava que era difícil e adiava o sonho. O destino se encarregou. “Fui dar um curso no Rio e comentei minha vontade. Por coincidência, tinha uma pessoa no curso que era diretor de ala da Mangueira.” Em 1986, ele estava lá, com outros quatros amigos paulistas. “Não acreditava que estava ali. E deu tão certo que neste ano a Mangueira foi campeã (com o samba-enredo Tem Xinchim e Acarajé, que marcou época.”

De tanto ouvir sobre a emoção, sua mulher, a técnica ótica Glaucia Rapani, decidiu provar. “Eu odiava Carnaval. Agora, para o Rio, vou até morta”, disse. Ela desfilará neste ano pela terceira vez. “A auto-estima vai lá em cima porque nós viramos os artistas na avenida”, disse.




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