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Frota é maior do que
moradores aptos a dirigir

São Caetano tem 1,1 unidade licenciada
para cada habitante com mais de 18 anos

Fabio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
29/07/2013 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


O número de veículos licenciados em São Caetano é maior do que o de motoristas da cidade. A frota total – incluindo automóveis, motos, caminhonetes e caminhões – é de 133.425 itens, enquanto a população com 18 anos ou mais soma 120.934 habitantes. Isso representa média de 1,1 unidade motora por pessoa. O levantamento é baseado nos dados do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) e do Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Nos sete municípios do Grande ABC, a média é de 0,8 veículo por habitante, mesma taxa observada na Capital.

Quando os cálculos são feitos com base no número total de moradores, e não apenas com a população apta a dirigir, São Caetano também se destaca. A cidade apresenta o maior índice de motorização da Região Metropolitana, com 1,1 habitante por veículo. Rio Grande da Serra está do lado oposto, com três pessoas por unidade automotora. A média do Grande ABC é de 1,6, mesma proporção da Capital.

Uma das explicações é o alto poder aquisitivo da população. Levantamento divulgado em março pela Fundação Seade aponta São Caetano e São Bernardo entre as dez cidades mais ricas do Estado, em 8º e 9º lugar, respectivamente. Já Rio Grande da Serra, com o menor índice, aparece em 259º.

O estudo aponta cidades como Paulínia e Louveira à frente de São Caetano. No entanto, os municípios apontam índices menores de motorização, com 1,4 e 1,7 habitante por veículo, respectivamente.

Para o especialista em Transportes e professor de Engenharia da FEI (Fundação Educacional Inaciana) Creso Peixoto, o excesso de veículos reflete a cultura dos grandes centros. “No Interior e nas zonas rurais, há influência do comportamento da família. É comum existir o carro da família, e não como aqui, onde todos têm um.”

Morador do Jardim São Caetano, o gerente de contas Arthur Dias, 24 anos, é um exemplo de quem tem mais de um meio de locomoção. Ele utiliza um automóvel tipo SUV para ir ao trabalho e, aos fins de semana, opta por um sedan esportivo. “Nunca senti real necessidade de ter dois carros, mas sim um desejo”, conta o rapaz, que também é DJ e produtor de eventos.

Dias afirma que, mesmo se o transporte público fosse melhor, continuaria usando o automóvel particular. “Me acostumei com a liberdade e exclusividade que os carros oferecem.”

Para especialista, transporte ruim não justifica os índices elevados

A má qualidade do transporte público na região não é o principal fator que estimula os altos índices de motorização. A opinião é do especialista no setor e professor de Engenharia da Universidade Mackenzie João Virgílio Merighi. “Mesmo com um sistema bom, o brasileiro não vai andar de ônibus, pois isso, na visão popular, não dá status. A primeira coisa que um jovem faz ao completar 18 anos é tirar carteira de motorista. É diferente da Europa, onde um ministro anda de metrô, por exemplo.”

Merighi reconhece as falhas do transporte público no Brasil, mas faz ressalvas. “Vai no metrô de Washington ou Nova York no horário de pico. Você não consegue entrar.”

O secretário de Mobilidade Urbana de São Caetano, Odair Mantovani, admite que o tamanho da frota provoca congestionamentos na cidade. Ele sugere mudanças na lei de zoneamento do município, para que os novos empreendimentos imobiliários tenham mais vagas de garagem. “Caso contrário, os carros ficam na rua e ocupam espaço da faixa de rolamento”.
 




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