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Chacina deixa três mortos em Mauá
Gabriel Batista
Do Diário do Grande ABC
24/07/2005 | 08:29
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Três homens foram executados de uma só vez na favela do Jardim Kennedy, em Mauá, na madrugada deste sábado. Cada um foi baleado várias vezes na cabeça, com tiros de pistola 9 milímetros. As vítimas morreram deitadas de bruços, uma significativa evidência de execução.

Um dos mortos é João Alves Ferreira, 28 anos. Os outros dois, assassinados a cerca de 200 metros do corpo de Ferreira, estavam quase embaixo da porta de um barraco e não haviam sido identificados até o fim da tarde de neste sábado. A polícia afirma ter encontrado um papelote de cocaína (1g) nos bolsos da calça jeans de um deles.

Essa foi a terceira chacina registrada na região em 2005. A primeira ocorreu no dia 9 de junho no bairro Recreio da Borda do Campo, em Santo André. Três pessoas foram mortas dentro de um carro. A outra matança, em Diadema, partiu da Polícia Militar, no núcleo urbanizado Jardim Portinari, no dia 4 deste mês. O sargento Ricardo Silva dos Santos é acusado de matar mãe e dois filhos desarmados em frente à casa onde moravam. Ele está preso na Corregedoria da PM.

A chacina deste sábado em Mauá ocorreu na parte baixa do morro, na entrada da favela para quem segue pela avenida Barão de Mauá. O Jardim Kennedy é um dos principais pontos de venda de drogas (cocaína e maconha) em Mauá, segundo a polícia.

Embora o local, a forma de execução e a arma utilizada levantem suspeitas de que trata-se de um caso em que traficantes mataram usuários devedores, a investigação policial observa uma incoerência: não é de interesse dos gerentes do tráfico matar muitas pessoas de uma vez só, porque isso chama a atenção da polícia. Com policiais na favela, a venda de droga é prejudicada. "A movimentação na boca (ponto de venda de droga) praticamente acabou neste fim de semana por causa do crime", afirma um investigador da Polícia Civil.

Investigadores que estavam de folga neste sábado foram chamados às pressas para fazer incursões na favela do Jardim Kennedy. Eles utilizaram carros descaracterizados – sem identificação da polícia – para buscar informações na favela. Na tarde deste sábado, a favela estava tranqüila.

Moradores conversavam na frente de seus barracos e casas de alvenaria. Evitaram fazer comentários sobre a chacina na presença da reportagem. Após muita insistência – e ainda com medo de tocar no assunto –, indicaram à reportagem os pontos exatos das três execuções. A única vítima identificada, João Alves Ferreira, foi morta em uma viela chamada de rua Um pelos moradores.

Os outros dois não foram identificados. A polícia não encontrou documentos em suas roupas. Um deles tem duas tatuagens no corpo: as palavras moça no peito e castelo nas costas. Todos vestiam camiseta, blusa e calça jeans. A polícia conta que logo após a chacina não havia ninguém na rua. As vielas da favela estavam vazias às 2h, cerca de uma hora depois do crime. Quando a polícia chegou na favela, os corpos ainda não se encontravam em estado de rigidez cadavérica.

Segundo a polícia, esse tipo de execução é comum na favela do Jardim Kennedy, mas geralmente deixa apenas uma vítima. A favela tem menos de 5 mil habitantes e fica próximo do bairro Itapark. Até a tarde deste sábado, ninguém havia sido preso.




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