Setecidades Titulo Segurança
Correios não chegam a 20 bairros

Moradores das localidades, divididas em 4 cidades,
precisam retirar encomendas em agências próximas

Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
09/03/2015 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Os Correios são responsáveis por levar as cartas e encomendas dos brasileiros, porém, por falta de segurança, algumas localidades deixam de receber a visita dos carteiros. No Grande ABC, há pelo menos 20 bairros, de quatro cidades, que têm restrição de entrega.

A lista foi fornecida pelo Sintect (Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios Telégrafos e Similares de São Paulo, Grande São Paulo e zona postal de Sorocaba), com base nos roubos e furtos sofridos pelos profissionais. Por se tratar de assunto relativo à segurança, os Correios não fornecem detalhes ou estatísticas das ações implantadas nas áreas de risco.

Conforme a empresa, em locais classificados como arriscados, é adotado modelo alternativo apenas para a entrega de encomendas, a fim de garantir a segurança dos trabalhadores e evitar que os objetos sejam roubados. Nesses casos, o destinatário é orientado a retirar seu pacote na unidade de entrega mais próxima de sua casa.

Segundo a empresa, no ato da postagem essa informação já consta no recibo do remetente. Os sites que vendem pela internet são informados sobre os pontos de restrição, que também constam no site dos Correios. Para isso, é necessário ter em mãos o código de rastreamento do objeto.

Um dos moradores afetados pela medida é o pintor José Costa dos Anjos, 48 anos, morador da Vila Rica. Ele deveria ter recebido encomenda despachada de Pernambuco no início do ano. “Até agora nada de chegar o meu celular. Quando fui rastrear o pacote, apareceu que precisava ser retirado na agência do Centro. O que não entendi é porque não pode ser na que fica mais perto daqui, na Vila Luzita”, disse.

Ele também reclamou sobre o atendimento na unidade do Centro. “Fiquei mais de uma hora esperando e não consegui nenhuma informação. O mais estranho é que quando compro de sites, as transportadoras entregam aqui sem nenhuma restrição.”

Conforme o secretário geral do Sintect, Ricardo Adriane Rodrigues de Souza, foram feitas diversas reuniões com os Correios pedindo melhorias nas condições dos trabalhadores. “Entendemos que também é um problema de Segurança pública, mas a empresa não investe. O que pedimos é a colocação de chips de rastreamento nas encomendas, o que custaria R$ 2,50 para cada uma. Também solicitamos a retirada das travas dos carros de entrega porque o sistema bloqueia as portas independentemente da ação do motorista e o bandido pensa que isso é voluntário, aumentando o risco para o condutor.”

Segundo a entidade, atualmente há 1.500 trabalhadores nas sete cidades, contando os que atuam interna e externamente. “Queremos que a encomenda chegue para todos. O problema é que precisamos cuidar da vida dos trabalhadores. A volta da escolta ajudaria.”

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) do Estado informou que as polícias Civil e Militar têm reforçado o policiamento preventivo e os trabalhos de investigação para reduzir os crimes contra o patrimônio. A Pasta também esclareceu que os crimes contra o patrimônio caíram em Diadema, Mauá, São Bernardo e Santo André em janeiro e que os crimes relacionados aos Correios são responsabilidade da Polícia Federal.

Associação concentra correspondências

Outro problema que acaba dificultando a entrega de encomendas são os bairros irregulares ou a falta de CEP. Segundo o secretário geral do Sintect, Ricardo Souza, nesses casos, os profissionais recorrem a ajuda dos moradores. “Mesmo quando não há CEP, não é um problema porque o funcionário acaba buscando a associação de moradores para que a entrega seja feita em mãos”, disse.

É o caso da Vila Esperança, bairro próximo a Vila São Pedro e Parque dos Químicos, em São Bernardo, que têm restrição de entrega. No local, média de 20 ruas ainda não estão regularizadas. A Associação Amigos do Bairro de Vila Esperança faz o papel de central. “Para cada caixinha são dois moradores que pegam suas correspondências e encomendas. Estou aqui há 20 anos e antes as correspondências costumavam ficar em bares, que cobravam para a entrega aos habitantes. Estou há muitos anos atrás da regularização dessas vias”, disse o presidente da associação, Sebastião Custódio, 68 anos.

O aposentado Elias Bueno Viana, 56, pega correspondências no local diariamente. “Moro na Rua Panamericana, que também é chamada de Viela Vênus. Quando peço algum serviço, dou o endereço daqui e explico que não tenho CEP”, lamentou.

Custódio abre a sede todos os dias para não prejudicar os moradores do bairro. “Fico aqui até as 17h e ainda cuido de todos os trâmites legais. É bem cansativo, mas luto para que eles tenham um CEP e possam receber tudo em casa.” 




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