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Óleo na Billings veio de desmanche
Luciana Sereno e Valéria Cabrera
Do Diário do Grande ABC
11/12/2004 | 11:10
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O vazamento de óleo e solvente que atingiu o braço do Rio Grande da represa Billings na quinta-feira e mobilizou equipes da Petrobras, Sabesp e Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) é proveniente de um desmanche clandestino de caminhões. A linha que desmontava os carros funcionava no galpão abandonado de um terreno próximo ao Km 29 da via Anchieta. Vinte horas depois de ter sido identificado o vazamento de óleo na represa, a polícia conseguiu entrar no galpão. O proprietário do terreno e o atual locatário serão investigados. O vazamento foi controlado e não comprometeu o abastecimento de água. A mancha ocupava uma área de 400 metros de comprimento por três de largura e o trabalho de limpeza deve se estender até domingo.

O delegado-titular da Delegacia de Investigação e Crimes Contra o Meio Ambiente de São Bernardo, Antônio Tavares Pereira Caldas Mesquita, vai instaurar dois inquéritos policiais. "Vou investigar o crime (desmanche) e abrir outro inquérito para identificar o responsável pelo crime ambiental." Quinta-feira, a primeira hipótese levantada era de que o combustível vazou após rompimento de um duto da Petrobras, que passa próximo ao local.

O terreno abandonado pertence ao empresário Salvatori Drago e, segundo ele, foi locado para outra pessoa há um mês. Por conta do contrato de locação e da não-localização do atual usuário da área, a polícia só pôde arrombar a porta do galpão mediante ordem judicial.

No interior do galpão, peças de caminhão inteiras e já cortadas foram encontradas. Algumas apresentavam marcas de tiro. O vazamento, segundo os técnicos da Cetesb, era decorrente da lavagem das peças, principalmente dos motores e do esvaziamento dos tanques. "A gangue despejava o líquido (óleo diesel e solvente) numa canaleta no interior do galpão, que só foi descoberto porque o óleo atingiu a represa", explica o delegado Antônio Tavares Pereira Caldas Mesquita.

A polícia ainda não tem detalhes de como funcionava o esquema de desmanche. Moradores das redondezas afirmam que o movimento de caminhões no terreno era intenso, principalmente no período das 22h às 2h. Antes de ser locado para outras atividades, o galpão, ainda sob o comando de Salvatori Drago, era utilizado para lavagem de caminhões-tanque. O empresário nega qualquer envolvimento no crime. "Mesmo assim será intimado porque é co-responsável. Como proprietário tem obrigação de apurar o que ocorre dentro do terreno", completa o delegado. Na segunda-feira, nova perícia será feita no local.

Limpeza – A Cetesb informou sexta-feira que a limpeza das águas da Billings vai se estender até domingo. Bóias de absorção foram colocadas próximas às margens da represa na manhã de sexta-feira para evitar que o óleo se alastrasse. O vazamento não prejudicou a captação de água, apesar de o óleo ter atingido a estação da Sabesp.

O gerente do setor de operações de emergências da Cetesb, Edson Haddad, explica que o local não era fiscalizado pela companhia porque não havia registro de atividade industrial na área. "Jamais seria permitida que uma indústria se instalasse próximo à represa." A promotora do Meio Ambiente de São Bernardo, Rosângela Staurenghi, vai acompanhar a investigação. "Depois que os responsáveis forem identificados o Ministério público poderá agir."




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