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Ferrovia de Paranapiacaba será tombada

Construções e máquinas do Sistema Funicular da Serra do Mar estão abandonadas

Caroline Ropero
Do Diário do Grande ABC
14/07/2014 | 07:00
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Orlando Filho/DGABC


O Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado) aprovou parecer favorável ao tombamento dos remanescentes do Sistema Funicular da antiga São Paulo Railway, ferrovia que ligava Santos a Jundiaí. O conjunto é composto por edificações, maquinário, obras de arte de engenharia e leito ferroviário.

Apesar da decisão, os restos da estrada de ferro estão completamente abandonados, com materiais ao ar livre que provocam problemas ambientais, sociais e paisagísticos.

Segundo o vice-presidente do Instituto do Patrimônio do ABC, Adalberto Dias Almeida, a ação demorou para ser executada. “As características daquelas construções são notáveis. O que restou das ferrovias, os túneis, partes de aterro, tudo que está lá permanece como retrato do descaso patrimonial. É uma pena que grande parte já não tenha mais recuperação.”

Outra preocupação é com a poluição do solo e a falta de fiscalização, já que os materiais podem ser usados como abrigo para moradores de rua e usuários de drogas.

De qualquer modo, o pesquisador comemora a aprovação. “Pelo menos aconteceu. Perceberam que preservar essas construções, tecnologias que eram tão caprichadas e belas, é muito importante”, afirma.

Almeida não culpa o conselho pela demora da aprovação, pois acredita que faz parte do sistema burocrático do País. No entanto, ainda deseja que a população demonstre maior interesse pela preservação da história. “O brasileiro pouco liga para tombamento, não tem o costume de respeitar isso, o que é muito ruim.”

A falta de preocupação com o patrimônio, segundo Almeida, é um aspecto que vem desde acontecimentos passados. “O histórico da falta de manutenção ferroviária no Brasil aconteceu desde o governo do Juscelino Kubitschek. De lá para cá, a ferrovia foi esquecida, já que a verba estava totalmente voltada para a rodovia. Não houve investimento nenhum.” O vice-presidente ressalta que, na época, não existiam preocupações ambientais.

Uma sugestão que o pesquisador gostaria que fosse aceita é para que as construções sejam recuperadas com materiais utilizados atualmente, muito mais forte e resistentes. “Iria ajudar a manter esse vestígio de mão de obra da arquitetura britânica, tão bonita.” 




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