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Monotrilho trará ganhos profissionais aos moradores do Grande ABC

Especialistas destacam vantagens do transporte ágil e confortável à carreira e à qualidade de vida

Marília Montich
do Diário do Grande ABC
13/04/2019 | 07:00
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Divulgação


O projeto original da Linha 18-Bronze, se concretizado, pode melhorar o desempenho dos profissionais que moram no Grande ABC e trabalham na Capital, e vice-versa, conforme especialistas. Isso porque o monotrilho se mostra a alternativa mais rápida e confortável para aqueles que têm de percorrer longos trajetos diários até seus empregos.

Para Renato Trindade, gerente da Page Personnel, consultoria especializada em recrutamento, um transporte ágil interfere diretamente na qualidade de vida e, consequentemente, na produtividade dos empregados. “As empresas ganham com profissionais menos cansados e mais motivados. Pessoas mais felizes rendem mais profissionalmente e é de interesse das empresas fazer parte desse processo internamente e apoiar iniciativas que facilitem a vida de seus colaboradores”, afirma.

Trindade explica que o local de residência é um ponto levado em consideração pelos recrutadores na hora da seleção, uma vez que companhias com modelos de gestão modernos têm direcionado esforços para o equilíbrio entre vida pessoal e profissional dos colaboradores. “ Ainda não é fator determinante, mas, no médio e longo prazos, terá um peso maior. O profissional com melhor qualidade de vida contribui com a queda dos índices de absenteísmo.”

Tendo em vista essa dinâmica e a possibilidade de simplificar o dia a dia dos funcionários, Trindade acredita que o monotrilho possa gerar oportunidades aos candidatos da região que buscam vagas em São Paulo. “Os investimentos em transportes diminuem as distâncias entre as cidades que fazem parte da Grande São Paulo.”

Rafael Castelo, professor do departamento de engenharia civil do Centro Universitário FEI e especialista em transportes ressalta que a Linha 18-Bronze atenderia demandas antigas de integração no transporte regional. “O monotrilho, sem dúvida, reduziria o tempo de viagem para os moradores da região”, diz. Ele aponta que hoje existe número limitado de linhas e opções de acesso para o trabalhador que tem de se deslocar diariamente para a Capital. “Sem contar o tempo de viagem, que ainda é considerável”, frisa.

Paralelamente, de acordo com o professor, o monotrilho apresenta série de vantagens para quem tem de sair do Grande ABC rumo a São Paulo para ganhar o sustento. “Ele tem velocidade comercial maior do que o BRT (enquanto o BRT roda entre 20km/h e 30 km/h, o monotrilho fica entre 28 km/h e 40 km/h). Na prática, essa maior velocidade representa maior número de passageiros transportados por km/h/sentido. Outro ponto destacado é que o monotrilho é sistema sem condutor, o que pode representar maior segurança operacional e velocidade. Também é movido à energia elétrica, o que contribui para redução de emissões nas cidades”, finaliza.

Apesar de o contrato inicial da Linha 18 prever a implantação do monotrilho – o projeto contempla 13 estações, saindo da parada Tamanduateí, em São Paulo, até o Centro de São Bernardo, passando por São Caetano e Santo André, com integração direta com as linhas 2-Verde do Metrô e 10-Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) – , o governo do Estado apresentou o BRT (sigla em inglês para sistema de transporte rápido por ônibus) como alternativa a ser estudada. A promessa do governador João Doria (PSDB) é divulgar decisão sobre o tema até junho. 

População fica até seis horas no trânsito

Morador de Santo André, o vendedor Rafael Aviles, 22 anos, trabalha no Jaraguá e sabe quanto é custoso “viajar” todos os dias. Eventualmente, usa o trem para fazer seu trajeto. “Fico em torno de quatro a cinco horas em deslocamento. Levo no mínimo uma hora e meia só para chegar ao serviço. É uma rotina estressante”, conta o rapaz, que considera que o monotrilho seria verdadeiro presente aos moradores do Grande ABC. “É um transporte mais rápido do que trem ou ônibus, além de ser mais confortável.”

A são-bernardense e analista de marketing Cibele Garcia, 23, também já sentiu na pele as dificuldades de trabalhar longe e não ter transporte público adequado. Até o início deste ano, ela costumava pegar três conduções, entre carro, ônibus e Metrô, para chegar à Vila Olímpia. Perdia cerca de duas horas para ir ao escritório e três para voltar, até que resolveu se mudar para a Capital. Se a Linha 18 já existisse, Cibele assegura que continuaria vivendo em São Bernardo. “Minha ideia nunca foi morar sozinha tão cedo. Sempre planejei sair de casa com calma, mas a busca pela qualidade de vida me fez mudar.”




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