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Obra da Sabesp danifica casas em São Bernardo

Transtornos começaram em fevereiro e rachaduras e desnivelamentos afetaram ao menos 60 imóveis

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
16/10/2020 | 00:01
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Denis Maciel/DGABC


Uma obra da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) que começou a ser realizada em janeiro deste ano no bairro Jordanópolis, em São Bernardo, danificou ao menos 60 imóveis nas ruas Botucatu, Henrique Dias, Sérgio Miliet, Pindorama e Avenida São Paulo. Os moradores relatam que as intervenções foram realizadas para a instalação e ligação de coletor tronco e que, apesar das obras já terem sido finalizadas, nenhum dos proprietários foi indenizado. Ao menos cinco imóveis precisaram ser interditados pela Defesa Civil e também não houve qualquer tipo de apoio aos moradores.

O técnico em informática Jorge Luis dos Anjos Correia, 36 anos, relatou que os operários cavavam um poço há cerca de oito metros da sua casa quando, em fevereiro, notou que o portão estava em desnível. Observando seu imóvel, passou a notar diversas rachaduras, que foram aumentando com o passar dos dias. “Avisei ao engenheiro que estava na obra, mandaram fazer algumas vistorias e constataram rachaduras em diversos cômodos”, relembrou. Segundo Correia, o solo da região é argiloso e, assim que as obras foram avançando, houve movimentação de terra sob as construções, causando os danos.

Conforme o tempo foi passando, outros munícipes foram relatando problemas estruturais em suas residências. De acordo com os moradores, representantes da empresa contratada pela Sabesp para a execução da obra, o Consórcio Augusto Velloso/Trail/Vad, se comprometeram a indenizar os proprietários ao fim das intervenções, mas, apesar das obras já terem sido concluídas, nenhum pagamento foi realizado até agora.

“Em muitos casos, os donos apresentaram valor, eles negociaram, o montante foi reduzido e, ainda assim, eles estão oferecendo, em geral, R$ 18 mil para cada um”, explicou Correia, que calculou os prejuízos em seu imóvel avaliados em R$ 100 mil.

Além dos transtornos de ter partes da casa ou mesmo a residência completamente interditada, a situação também afeta a saúde dos moradores. O pai do autônomo Leonardo Corchon, 37, o aposentado Jim Delgado, já tinha sérios problemas de saúde e acabou sofrendo infarto há cerca de 40 dias, tamanho nervoso que tem passado com a situação. “Tivemos prejuízo de R$ 180 mil, mas nos ofereceram uma indenização de R$ 18 mil”, relatou o filho.

O problema de danos a imóveis após obras não é novo na região. Em 2013, durante obras no Córrego Pindorama, várias casas foram danificadas, como a da família da gerente de contabilidade Fabiana Silveira, 39. Na época, foi preciso entrar na Justiça para receber indenização de R$ 80 mil, que não pagou nem metade dos reparos que foram necessários.

Empresa alega que munícipes estão sendo atendidos

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado) informou que os proprietários dos imóveis que procuraram a companhia para informar sobre impacto foram atendidos pela empresa contratada, capacitada para dar andamento de vistorias em cada imóvel junto à área técnica e encaminhamento para as análises de procedência.

Atualmente estão em atendimento 31 imóveis, cujos casos são considerados procedentes, sendo que quatro já foram indenizados diretamente pelo consórcio que executa a obra, com o acompanhamento da Sabesp. “O restante está na fase de orçamentos, documentações dos imóveis e de seus proprietários e análise pela seguradora, para que seja possível uma negociação justa”, informou em nota.

De acordo com a Sabesp, os clientes estão cientes sobre a condução deste processo, informados individualmente e por reunião com o grupo de moradores e representantes da Prefeitura de São Bernardo. “A previsão é que até dezembro os casos considerados procedentes sejam atendidos de acordo com o impacto real causado”, diz o comunicado. “Os considerados improcedentes foram justificados tecnicamente ao proprietário, devido à distância do imóvel em relação à frente de obra ou por terem sido identificados danos preexistentes”, concluiu.

As obras de infraestrutura de esgotamento sanitário em São Bernardo têm o objetivo de ampliar e universalizar a coleta e tratamento de esgotos, reduzindo assim a poluição da Represa Billings e dos córregos e rios que deságuam no rio Tietê.

A Prefeitura de São Bernardo, por meio da Defesa Civil, “informou que realizou vistoria em 46 imóveis na área de abrangência da obra, sendo que sete imóveis foram interditados de forma preventiva. A situação está sendo acompanhada pela Secretaria de Obras e Planejamento Estratégico, que faz a fiscalização sobre os serviços prestados pelas empresas concessionárias, e o atendimento aos proprietários está sendo feito pela empresa responsável.




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