Levantamento do I Conselho Tutelar de São Bernardo colocam Ferrazópolis como o bairro campeão em registros na entidade. Foram 894 casos, entre agressões físicas, casos de abandono e outras ocorrências das quais os menores são vítimas.

Os números são do período compreendido entre outubro de 2004 e agosto de 2007 e espelham realidade já denunciada pelo Diário, como a exploração da prostituição infantil naquela região. Na seqüência do mapa da violência contra crianças e jovens, estão Riacho Grande e Baeta Neves (veja quadro abaixo).

A lista aponta os principais problemas sociais de 11 regiões do município. Em todas, uma preocupação é comum: o acesso à educação. As reclamações mais constantes estão relacionadas à falta de vagas em creches e nos níveis fundamental e médio. A demanda não-atendida, durante o período, envolveu 1.029 menores.

O professor de Filosofia da Universidade Metodista Marcelo de Carvalho comenta que a demanda escolar não atendida gera conseqüências. “A prostituição infantil e a exploração financeira das crianças em situação de rua são exemplos.” Em maio, a reportagem flagrou meninas de 15 a 17 anos fazendo ponto ao lado de travestis no Terminal Ferrazópolis.

Entre outras conclusões, ficou demonstrado que a miséria leva crianças à rua mas não causa necessariamente conflito familiar com fuga de casa e conduta infracional. Crimes cometidos por crianças são mais comuns no Jardim Silvina, 6º colocado se o assunto é miséria.

Quando se trata de violência física, a situação econômica tambémnão serve de parâmetro. Rudge Ramos é o bairro com melhor condição entre os avaliados, mesmo assim registra mais casos de agressão na comparação à Vila São José e ao Parque São Bernardo. No mesmo quesito, o bairro de classe média perde, mas quase empata, com Industrial, Montanhão e Jardim Silvina, áreas bem mais pobres.

Segundo o conselheiro tutelar Sérgio Hora, a explicação está nos muros altos das casas de alto padrão, que protegem o agressor de denúncias de vizinhos, e também no acúmulo de funções dos pais das crianças. “O novo papel da mulher na sociedade faz com que a mãe cometa excessos por causa das funções acumuladas.”