Com os altos juros embutidos nos financiamentos longos, o sistema de troca com troco foi uma alternativa que o mercado encontrou para enfrentar o crescimento da inadimplência.
E a modalidade tem demanda. Segundo a Assovesp (Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado de São Paulo), dos 127.819 negócios realizados no setor em junho, 52% foram a base de troca, incluindo a forma com devolução de dinheiro.
“Esse sistema está com muita procura. Hoje em dia cerca de 20% das vendas financiadas são a base de troca com troco”, conta Mauro Demenis, gerente de zero quilômetro da Viamar de São Bernardo.
Nesse tipo de negócio o consumidor pode trocar de carro e obter o dinheiro da diferença para quitar uma dívida anterior. Além disso, com a modalidade é possível também trocar os juros altos cobrados pelos bancos por um financiamento “mais barato”.
“Enquanto as taxas cobradas no cheque especial ficam em torno de 10% ao mês, os juros das montadoras são, em média, 1,20% mensais”, compara Demenis.
No entanto, para Francisco Funcia, economista do Imes, a troca com troco é um bom negócio somente para quem tem urgência em saldar alguma dívida. E alerta que o consumidor deve avaliar se vale a pena receber menos pelo carro usado para conseguir esse dinheiro. “O consumidor paga barato na taxa de juros. Mas por outro lado o carro é avaliado para menos. É preciso fazer uma comparação onde se perde mais: na avaliação ou nas taxas de juros. As desvalorizações nos valores dos carros podem chegar até 30%”, afirma Funcia.