Jovem de 16 anos teria sido ofendido por condutora da Linha
21 da SBCTrans, que o teria chamado de 'neguinho folgado'
Estudante de 16 anos afirma ter sido vítima de racismo em coletivo da SBCTrans, em São Bernardo. Às vesperas do Dia da Consciência Negra, celebrado no dia 20, o jovem disse à equipe do Diário que passou a acreditar na crueldade humana que, até então, conhecia apenas por meio de casos ocorridos com pessoas desconhecidas.
No dia 23, o garoto voltava do Senai, no Centro de São Bernardo, onde estuda, e como de costume embarcou com amigos na Linha 21, sentido Vila São José, bairro onde mora com a família. "Sempre uso o Cartão Legal (Bilhete Único da cidade), mas no dia estava sem ele e paguei a passagem em dinheiro. A motorista estava conversando com uma mulher e esqueceu de liberar a catraca. Tentei passar algumas vezes e nada. Na terceira tentativa, ela gritou: ‘Você é um neguinho folgado, não sabe esperar, não?'".
Após as supostas ofensas feitas pela motorista, o adolescente disse ter se sentido assustado e envergonhado. Afirma ter ido, então, para o fundo do ônibus. Alguns amigos, indignados, orientaram o colega a descer no ponto final e conversar com os responsáveis pela empresa, em busca de retratação da condutora.
Ao saber do ocorrido, a mãe do estudante, a professora Ana Rita Domingos, 35 anos, dirigiu-se ao ponto final para encontrar com o filho e conversar com os funcionários da SBCTrans. Ao chegar, garante que a motorista do veículo teria admitido a agressão verbal e afirmado que não iria se desculpar, pois sempre que ficava nervosa teria o costume de agir daquela forma.
"Só queria que ela se desculpasse com meu filho. Ele é jovem, não merece isso. Ao chegar no ponto final, a única coisa que escutei da motorista é que ele realmente é um ‘neguinho folgado' e que, se eu estivesse incomodada, que fosse procurar os meus direitos. E é exatamente isso que estou fazendo", desabafou. A mãe registrou boletim de ocorrência no 1º DP (Centro) da cidade e estuda processar a empresa.
Procurada, a SBCTrans afirmou que assistente social acompanha o caso. A empresa disse ainda que os funcionários passam por treinamento para atender da melhor forma a todos os passageiros.
"Até agora não recebemos nenhum telefonema de assistente social nem retratação da empresa. A única coisa que espero é que meu filho seja bem tratado nos locais que frequenta. Ele nunca tinha vivido algo parecido e está muito abalado. Passou três dias sem querer sair do quarto e sem se alimentar. Agora, só espero que a justiça seja feita."
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