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Após 13 anos, Barão de Mauá tem possível desfecho na Justiça

Audiência de conciliação irá definir se mutuários afetados por poluição poderão refinanciar seus apartamentos

Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
10/10/2018 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC


 Após 13 anos de tramitação na Justiça, enfim, o MPF (Ministério Público Federal) sinaliza possível desfecho em processo envolvendo a situação financeira dos mutuários do Conjunto Habitacional Barão de Mauá, construído em terreno contaminado na cidade, no Parque São Vicente, na década de 1990.

A conciliação, fruto de uma ação civil pública ajuizada pelo órgão em 2005, prevê que moradores participem no dia 21 de novembro de rodada de negociações junto à Caixa Econômica Federal para que individualmente cada um possa fechar acordo com a instituição financeira para refinanciar seus apartamentos com desconto.

As famílias aguardam definição sobre seu destino desde o ano 2000, quando manutenção em bomba da caixa-d’água subterrânea causou explosão, vitimou fatalmente um operário e deu início à disputa judicial movida por moradores contra Cofap e construtoras Soma, SQG e Paulicoop por danos morais e materiais.

Depois do episódio, muitos moradores mostraram interesse em deixar, ou até vender, suas casas e adquirir outro imóvel, porém necessitariam lançar mão do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). Ocorre que o fato de serem proprietários ou promitentes compradores de imóvel no condomínio Barão de Mauá impedia o acesso ao crédito.

Segundo o Ministério Público Federal, desde então, alguns condôminos conseguiram solucionar por conta própria o impasse, mas outros simplesmente pararam de pagar pelo imóvel, de modo que a audiência de conciliação agora busca solucionar a situação de 70 mutuários que ainda têm contrato de financiamento em aberto. Nestes casos, o órgão irá entrar em contato com essas pessoas para entender a situação de cada uma delas. Para dar agilidade à busca, dois procuradores foram designados a fazer essa tratativa.

Síndica de um dos nove condomínios que compõem o conjunto, a dona de casa Tânia Regina da Silva, 61 anos, é uma das interessadas no processo. Presente na reunião na qual moradores foram notificados da contaminação do terreno, ela se diz “traumatizada” com o impasse do processo. “Não vejo a hora de sair daqui e poder vender meu apartamento. Porém, dependo dessa negociação do FGTS, que é essencial para que essa venda se concretize.” Passados 20 anos da compra do seu apartamento, ela ainda aguarda a escritura do imóvel. “Ninguém tem esse documento. Dependemos do fim do processo.”

Valéria Dias, 50, outra moradora do conjunto, também diz aguardar com “ansiedade” o desfecho do caso. “Seria ótimo esse desfecho. Até hoje não tenho escritura”, pondera.

Para o MPF, seria injusto que os moradores tivessem de pagar o valor total do apartamento, uma vez que, depois do acidente, o imóvel foi bruscamente desvalorizado, com a proibição da utilização das garagens subterrâneas do condomínio, além de outras restrições.

Parecer dado pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) em agosto de 2001 aponta que a área onde foram erguidas 54 torres do conjunto habitacional estão contaminadas com 44 substâncias químicas tóxicas, inclusive gases explosivos. Em ação que tramita na Justiça de São Paulo, foi determinada a descontaminação do terreno, o que vem sendo feito pelas empresas responsáveis pela poluição. O processo indica ainda que apartamentos térreos sejam desocupados em caráter permanente, o que ainda não foi feito.

 




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