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Polícia procura golpistas em Sto.André

Pelo menos cinco vítimas já teriam caído no golpe dos estelionatários neste ano, segundo a polícia

Luciano Cavenagui
Da Sucursal de Diadema
06/10/2008 | 07:03
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Um novo golpe está tirando o sono de pessoas idosas de Santo André, principalmente moradoras do bairro Jardim. É o golpe do médico e do caipira, uma versão mais atualizada do velho truque do bilhete premiado.

Pelo menos cinco vítimas já teriam caído no golpe dos estelionatários neste ano, segundo a polícia. Cada pessoa perdeu, em média, R$ 50 mil.

A forma como o crime é aplicado é basicamente a mesma. O caipira aborda a vítima na rua, diz que possui um bilhete de loteria premiado mas não sabe como retirá-lo, alegando ser analfabeto e não ter documentos.

O médico entra na cena para dar credibilidade ao caipira. Finge acreditar no caso e propõe comprar o bilhete. A vítima é envolvida na situação e aceita comprar o prêmio em parceria com o médico. Depois de entregar o dinheiro, a pessoa percebe que caiu em um golpe.

A onda de crimes é investigada pelo SIG (Setor de Investigações Gerais) da delegacia seccional de Santo André. Oficialmente, apenas um caso foi registrado, apesar da vergonha da vítima. O setor de inteligência da seccional já detectou quatro outras vítimas, que se negaram a fazer boletim de ocorrência por causa do constrangimento.

O caso registrado ocorreu em agosto. A vítima foi uma senhora sexagenária, mulher de um executivo do ramo de telefonia. Ela passeava tranqüilamente durante a manhã com seu cachorro pela Rua Padre Vieira, quando, de repente, surgiu o suposto caipira desinformado, com aproximadamente 40 anos, 1,80 metro de altura e porte médio. "A senhora sabe onde é a loja Primavera? Preciso ir lá trocar um bilhete", foi a primeira fala do golpista, acrescentando que era morador de Vinhedo, no Interior, e não conhecia nada na região.

Depois de contar toda a história sobre o bilhete premiado, que valeria R$ 2 milhões, o falso médico surgiu vestido de branco, apresentando-se como Adilson. Fingiu telefonar para seu gerente da CEF (Caixa Econômica Federal) para confirmar os números. Passou o celular para a vítima, que também conversou com o falso gerente.

O médico se ausentou por 20 minutos e voltou com uma maleta cheia de dólares falsos, no valor de R$ 50 mil. Combinou com a vítima em comprar conjuntamente o bilhete e dividir o prêmio. O caipira fingiu aceitar o acordo.

Em seguida, a senhora voltou para o apartamento e deixou a cachorra. Foi até um banco na área central de Santo André e retirou R$ 50 mil em dinheiro. Voltou para a Rua das Figueiras, entregou o envelope para o médico e recebeu o falso bilhete. O médico disse que iria levar o caipira até um ponto de ônibus e a dupla desapareceu.

"Por causa da vergonha, inicialmente a senhora contou que foi vítima de ameaça de seqüestro. Como não convenceu o marido com a história, acabou falando a verdade", afirmou o delegado Marco Aurélio Gonçalves.

Segundo a polícia, estelionatários com as mesmas características já aplicaram golpes semelhantes em Santos e no Ipiranga, Zona Sul da Capital. A polícia já fez o retrato falado dos golpistas. Denúncias sobre suspeitos podem ser feitas pelo Disque-Denúncia, no número 181. O sigilo é garantido.

Ganância por dinheiro fácil faz cair em golpe

A ganância em ganhar dinheiro fácil é o ponto fraco das vítimas para cair no golpe, segundo avaliação da polícia.

"As pessoas nunca devem acreditar em histórias vantajosas contadas por estranhos. O melhor a fazer nesses casos é desconversar, sair de perto dos estelionatários e chamar a polícia em seguida", afirmou o delegado responsável pelo SIG (Setor de Investigações Gerais), Marco Aurélio Gonçalves.

O delegado solicita às vítimas que não registraram a ocorrência a procurar a polícia. "Garantimos o sigilo absoluto. Mas precisamos de mais informações sobre o médico e o caipira para podermos realizar a prisão. Quanto mais dados melhor", afirmou Gonçalves.

O consultor em segurança Jorge Lordello alerta para um golpe semelhante que vem atormentando muitas vítimas, que é o do ‘conto do cheque'. Um correntista saca um valor considerável na agência. Na saída, vê um cheque de R$ 15 mil jogado no chão.

"Um estelionatário pergunta se o cheque não é da vítima. Após a negativa, surge outro golpista se dizendo dono do cheque e quer recompensar os dois com presentes. A vítima é envolvida de tal jeito que deixa a bolsa com o criminoso para ir em uma loja. Na volta, não vê mais ninguém", afirmou o consultor.




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