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Escola de lata em S.Bernardo tem rodízio de alunos
Roberta Nomura
Especial para o Diário
03/03/2005 | 14:14
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Já não bastasse estudar numa escola de lata, alunos da Emeb (Escola Municipal de Ensino Básico) do Jardim Thelma, em São Bernardo, tiveram a jornada diária de aulas reduzida de cinco horas para duas horas e quinze minutos. Como as obras da nova unidade da Emeb estão atrasadas, os estudantes são obrigados a fazer rodízio nas salas de aula, que aquecem demais no calor e são geladas nos dias frios. O martírio deve durar pelo menos mais 20 dias.

De manhã, parte das crianças estudam das 7h às 9h15, enquanto outra turma assiste às aulas das 9h30 às 12h. No período da tarde, o revezamento também é adotado: um grupo permanece em sala das 13h às 15h15 e outro das 15h30 às 18h.

O rodízio, além de colocar as crianças em desvantagem no cumprimento do programa pedagógico, provoca perda de parte do benefício do transporte escolar gratuito dos alunos. Os ônibus circulam nos horários de início e término das aulas regulares, o que faz com que os estudantes utilizem transporte somente na ida ou na volta, dependendo do horário freqüentado. “Tenho trazido minha filha todos os dias a pé. Ela chora e reclama. Só na hora de ir embora consegue usar o ônibus escolar”, diz a dona de casa Maria Aparecida Leandro Souza, mãe de Lanaísa, 7 anos.

Cosma Maria Pinheiro da Silva mora no Jardim das Oliveiras e para buscar o neto Sílvio, 7 anos, anda mais de uma hora. “Da escola eu gosto. Só não gosto de voltar a pé”, conta o garoto. A avó de Vinícius, 8 anos, Geralda Rosa Viana, vai quase todos os dias para a Emeb, que oferece Ensino Fundamental de 1ª a 4ª série. “Acho que demoro uns 30 minutos para chegar aqui. Quando chove é pior, tem muita lama e a gente não pode nem andar direito, então demoro mais”, reclama. A Secretaria de Educação e Cultura da Prefeitura de São Bernardo, por meio de nota enviada pela assessoria de imprensa, informa que está providenciando, em caráter emergencial, transporte para os alunos em rodízio. A secretaria se compromete também a oferecer apoio pedagógico “se for necessário”. A Prefeitura não informou quantos são os alunos prejudicados nas duas turmas.

Para comunicar a situação para os pais, a diretoria da Emeb convocou uma reunião no início do ano letivo, em 14 de fevereiro. A Prefeitura garante que a decisão pelo rodízio foi tomada de comum acordo com os pais para que as crianças não ficassem sem aula. A medida deve vigorar por mais 20 dias, segundo a nota da Prefeitura.

“Mudei de escola porque a outra era mais longe. Quando transferi para cá é que tive essa belíssima surpresa. Tirei minha filha de um ótimo lugar, que é o Las Palmas, para a-contecer isso”, conta a mãe de Lanaísa.

Segundo Geralda, avó do estudante Vinícius, no ano passado o revezamento de turmas também foi feito, mas durante uma semana. “Além de não ter boa estrututa, ainda tem essa confusão de rodízio. Pior do que aqui não existe. Não tem condições para um aluno estudar”, desabafa Geralda. “As crianças não estão estudando. Meu filho reclama porque nem tem vontade de ir para a escola. A gente chega lá e tem de ir embora, isso sem contar com a hora do lanche”, critica Maria Aparecida Silva Cardoso, mãe de Igor, 7 anos.

As obras da Emeb estão atrasadas, segundo a Prefeitura, por problemas com a fundação do prédio, que teve de ser refeita pela empreiteira responsável. O secretário de Obras, Otávio Manente, coloca-se à disposição da comunidade para explicar o andamento das obras. A Prefeitura acrescenta que toda a estrutura da escola de lata (chapa galvanizada com estrutura de madeira) foi pintada e o telhado, trocado para receber os alunos neste ano. As salas, segundo a Prefeitura, possuem ventiladores e janelas.

“Esta escola de lata era para substituir, em caráter emergencial, a que está em construção e que deveria ser entregue em março de 2003”, afirma o vereador Zé Ferreira (PT). Caso a situação dos alunos não seja resolvida, o parlamentar planeja organizar um protesto. “Se até a semana que vem não tiver resposta da Prefeitura, vamos lotar a Câmara na quarta-feira (9) para mostrar como está a Educação”, afirma o vereador.

O secretário de Obras ressalta que o tempo a mais na realização das obras “é extremamente importante para que sejam feitas  intervenções na fundação a fim de que se evitem problemas futuros com a estrutura, que venham a apresentar risco aos estudantes”. A assessoria de imprensa afirma que o prazo de entrega da obra era início deste ano.



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