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Site canadense propõe um dia sem computador
Raimundo de Oliveira
Especial para o Diário
23/03/2007 | 07:03
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Neste sábado vai ocorrer a primeira edição do shutdown day, movimento idealizado por dois jovens canadenses, programadores de computador. Eles propõem aos participantes que fiquem um dia sem acessarem a internet. O objetivo, segundo os organizadores, é descobrir quantas pessoas conseguem a façanha e o que aconteceria se todos computadores do mundo fossem desligados por 24 horas.

O desafio pode encontrar no Brasil seus maiores opositores. Os internautas brasileiros são os que ficam o maior tempo conectados à internet no mundo entre os usuários residenciais, 41 minutos diários, ou 19 horas e sete minutos por mês. Os estudantes Gustavo Aldano de Souza e Camilla Feltrin, ambos de 15 anos e moradores de Santo André, são dois exemplos da nova geração, que está crescendo com a internet. Os dois acessam a internet todos os dias para estudar, baixar músicas, se informar e falar com amigos por sites de relacionamento.

Orkontro - Também neste sábado, Camilla e Gustavo deverão participar da 11ª edição do orkontro, uma reunião semanal que acontece no Parque Central de Santo André com jovens amantes de rock pesado que se conheceram pela internet. Os orkontros são marcados e divulgados também pela rede de computadores. “Eu acho que o maior tempo que fiquei sem internet foram três dias, mas foi porque não tinha computador onde eu estava”, afirma Gustavo.

Não por acaso, é também no Brasil que surgiu o primeiro tratamento de terapia em grupo que se tem notícia no mundo para os viciados em internet, o Projeto Dependentes da Internet do Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Hospital das Clínicas, coordenado pelo psicólogo Cristiano Nabuco de Abreu, 44 anos. Segundo ele, o desafio dos dois jovens canadenenses pode servir para discutir o fenômeno da internet e suas conseqüências na vida moderna.

“Para mim, a internet em si não pode ser apontada como culpada nos casos das pessoas viciadas. Assim como o álcool e as drogas, a internet pode desencadear outros problemas que a pessoa tenha”, afirma Nabuco. Segundo ele, o primero grupo de viciados em internet começou a se reunir nas sessões de terapia em julho do ano passado e contava com pessoas com mais de 18 anos. Neste ano, o Projeto Dependentes da Internet fará uma nova turma e vai tratar também menores de 18 anos, devido à procura crescente. “Nós temos casos de pessoas com mais 70 anos que são viciadas na internet”, diz Nabuco.

Segundo ele, ainda não há pesquisa médica suficiente para classificar o vício em internet entre as doenças porque a massificação do uso da rede é recente. “Mas pode ser comparado ao do vício em jogo”, afirma ele.

Para o jornalista Paulo Markun, diretor do site Jornal de Debates, que apóia a iniciativa dos dois canadenses, o importante é colocar em discussão a crescente média de tempo que os brasileiros ficam conectados à internet em suas residências, e, ao mesmo tempo, a dificuldade de acesso que a parcela mais pobre da população tem para acessar a internet.




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