Em protesto, nove oposicionistas se retiraram do plenário para não votar lista das composições
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Mesmo com rebelião da bancada oposicionista, que respingou até na base de sustentação, os vereadores governistas de Santo André dominaram seis das sete comissões permanentes do Legislativo, ontem. A reunião para escolha das novas composições, feita na primeira sessão pós-recesso, durou duas horas, o que não destravou a discussão e acalorou a relação na Câmara. Sem consenso na proposta, nove parlamentares contrários à lista apresentada no encontro se retiraram do plenário em protesto.
O presidente da Casa, Donizeti Pereira (PV), e os vereadores Almir Cicote (PSB), Edson Sardano, Luiz Zacarias e Roberto Rautenberg, trio do PTB, Evilásio Santana, o Bahia (DEM), Sargento Lobo e Ailton Lima, dupla do Solidariedade, e a governista Elian Santana (Pros) mostraram descontentamento ao que chamaram de falta de diálogo do governo Carlos Grana (PT). Diante do impasse e ausência do dirigente da Câmara, 12 situacionistas reabriram a sessão e, como tinham maioria para votação, elegeram por acordo os nomes dos integrantes das comissões.
Visados, os dois órgãos mais importantes, Justiça e Redação, que deve ser presidido por Luiz Alberto (PT), e Finanças e Orçamento, tendendo a ser encabeçada por Toninho de Jesus (Solidariedade), ficaram completamente compostas por governistas. As comissões são grupos técnicos criados pelo regimento interno da Casa com o objetivo de dar pareceres às propostas protocoladas no Legislativo.
Com menor relevância, apenas a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos tem maioria da oposição, na qual Rautenberg e Cicote fazem parte. O grupo contrário pleiteou pelas manutenções de Zacarias na comissão de Justiça e Cicote na de Finanças. “Entendemos que deveríamos seguir a proporcionalidade dos partidos. Não houve concordância. No ano passado eles fizeram da mesma maneira. Agora a situação foi inversa”, alegou o novo líder do governo, José de Araújo (PMDB).
O peemedebista se referiu à eleição anterior das comissões, no dia 1º de janeiro de 2013, quando os governistas foram deixados de fora dos grupos de maior poder e compuseram, somente como integrantes, das inferiores. À ocasião, o bloco de oposição, que era mantido por 12 vereadores, protagonizou a manobra política. Um ano depois foi a vez de a ala que apoia a gestão Grana dar o troco. Nos bastidores, a postura foi denominada de revanche.
Apoiado pelos demais insatisfeitos, Donizeti convocou coletiva e responsabilizou a administração do PT por imposição dos integrantes. “O governo (Grana) não precisava entrar nessa briga desnecessária. Em 2013, mesmo com as comissões à revelia (do Paço) foi ano em que o prefeito não teve problema com a Câmara. Aprovaram 70 projetos, contando com a benevolência da Casa.”
Grana negou veementemente interferência na discussão, justificando que respeita “a autonomia do Poder Legislativo”. Segundo o prefeito, o governo sequer enviou representantes à sessão para evitar conotação de envolvimento no assunto. “Era disputa interna que não me diz respeito. Não houve veto a parlamentares. Essa decisão compete somente à Casa. Contesto tese de qualquer vereador que queira imputar isso ao Executivo.”
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