Setecidades Titulo Criminalidade
Uso de droga impulsiona
roubo de carro, diz PM

Após quatro meses de estudo, Polícia Militar aponta que 54%
dos casos registrados na região estão ligados a entorpecente

Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
18/03/2012 | 07:00
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Após quatro meses de estudo e levantamento de dados, a Polícia Militar montou o mapa do crime e chegou à conclusão de que 54% dos roubos e furtos de veículos que acontecem na região estão relacionados ao tráfico de drogas. Ou seja, dos 19.157 casos registrados pela Secretaria de Segurança Pública em 2011, 10.344 tinham ligação com o uso de entorpecentes.

Segundo o coronel Roberval França, comandante da Polícia Militar no Grande ABC, a pesquisa identificou que muitos dos carros recuperados pela corporação foram localizados em áreas de possíveis pontos de uso e tráfico de drogas. "Uma das principais causas é a realização desses delitos para servir de moeda de troca pelos dependentes químicos."

Com o mapa em mãos, a Polícia Militar promete trabalhar fortemente em duas frentes: ações para diminuir o roubo e furto de veículos e o combate ao uso de drogas. "Como identificamos que são coisas que estão relacionadas, a diminuição de um terá impacto nos números do outro."

O comandante afirmou que a associação estadual de seguradoras possui estudo criminal semelhante ao realizado pela Polícia Militar, com o desenho dos principais pontos de roubos e furtos, além dos locais onde estão instalados comércios ilegais de peças automotivas, conhecidos como desmanches. Roberval França garantiu que nesta semana irá se reunir com a entidade para cruzar os dados e discutir como podem realizar trabalho conjunto.

A intenção é também contar com apoio do Ministério Público, Polícia Civil, Poder Judiciário e prefeituras para eliminar comércios ilegais de peças automotivas, que na visão do comadante incentivam a criminalidade. "Haverá força tarefa com relação a esses delitos. O estabelecimento que não possuir alvará, vamos fechar", disse.

O mapa do crime desenhado pela Polícia Militar também apontou que a maior prática de roubos e furtos de veículos está sendo com a utilização de motocicletas. As informações mostram que houve mudança na atuação dos criminosos: antes atacavam com duas pessoas em uma moto e agora utilizam vários veículos para cometer o delito.

Por conta disso, o comandante também pretende intensificar os bloqueios policiais visando principalmente os condutores de motocicletas. A ação, já desenvolvida em menor escala, é chamada Cavalo de Aço.

RECUPERAÇÃO - Roberval disse que a Polícia Militar recupera, em média, 160 veículos a cada fim de semana, o que equivale a uma taxa de recuperação de aproximadamente 47%.

O número de roubos e furtos de automóveis na região influencia diretamente no preço do seguro no Grande ABC, já que um dos fatores utilizados para avaliação do valor é o índice criminal da região.

A ação da Polícia Militar contra esse tipo de crime também é vista pelo oficial como uma das metas para mudança desse cenário. "A região tem os maiores valores de seguro. Alguns modelos ficaram taxados como visados pela criminalidade e até encontram dificuldades de mercado. Os números têm preocupado também as montadoras, que acabam tendo prejuízo."

Tecnologia é aliada no combate ao crime

Em plena era digital, a Polícia Militar possui nova arma no combate ao crime: a tecnologia. Com a utilização de equipamentos modernos, a corporação acredita que terá maior eficiência no trabalho de prevenção, diferentemente do que acontecia em tempos passados.

"Há 15 anos, a Polícia Militar percebeu que aquela estratégia de massificação de recursos, com a colocação de muitos homens na rua, não seria sustentada a longo prazo. Então, decidimos que teríamos de incorporar inovações tecnológicas, substituindo o uso da força pela inteligência", explicou o coronel Roberval França, comandante da Polícia Militar no Grande ABC.

Segundo ele, foram criados sistemas para dar maior visão das ações criminais, equipando os policiais com recursos tecnológicos de ponta, como rádios de comunicação digital.

No ano passado, foram adquiridos 600 tablets para uso da corporação na região. Do total, 460 aparelhos foram instalados nas viaturas e o restante funciona como dispositivo móvel preso ao cinturão dos policiais.

"O tablet permite ter base de dados de armas, pessoas e veículos. Logo de cara melhorou o tempo de resposta. Só na aproximação da polícia com o veículo já é possível digitar a placa e ter informações em tempo real", afirmou o coronel.

Roberval prevê aquisição de novas tecnologias em 2013. A intenção é instalar camêras nas viaturas e utilizar tecnologia 4G nos aparelhos eletrônicos, podendo interligar esses instrumentos com a base de dados da Polícia Militar em alta velocidade. "Com isso, poderemos identificar criminosos por reconhecimento facial."

LEI SECA - De acordo com Roberval, neste ano foram feitas 5.980 autuações de motoristas em blitzes da Lei Seca. A corporação possui 23 bafômetros para a região e pretende usar novas alternativas para coibir a prática de dirigir após o uso de bebidas alcoólicas. "Já demandei ao comando da polícia a aquisição de etilômetros passivos. Aqueles que a pessoa não precisa soprar. Só ao falar, o aparelho detecta se a pessoa consumiu bebida alcoólica."




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