A linha expressa de ônibus de Mauá, que liga os terminais Central e Zaíra, sem fazer paradas ao longo do trajeto, cumpre o prometido de reduzir o tempo das viagens, mas não respeita o horário de intervalo entre os ônibus.

O serviço começou a funcionar no feriado de Corpus Christi. Os coletivos operam nos horários de pico - das 5h às 9h e das 16h às 20h -, somente em dias úteis, para agilizar o deslocamento entre o bairro e Centro.

O ganho de tempo é real. O Diário fez ontem o percurso pela linha expressa, saindo do Terminal Central às 17h27 e chegando 16 minutos depois, às 17h43, no Terminal Zaíra, na Avenida Presidente Castello Branco.

Os passageiros que fazem diariamente a ligação entre as duas estações contaram que a viagem costuma demorar até meia hora - sendo, portanto, reduzida pela metade pela linha rápida.

Além de não fazer paradas, a nova linha está sendo beneficiada pelo trânsito, já que a inauguração do Terminal Zaíra diminui o número de linhas que cumpriam o itinerário entre os terminais, reduzindo a quantidade de coletivos pelo caminho.

FORA DE HORA
Se por um lado o usuário tem a possibilidade de conseguir viagens mais ágeis, não pode, por outro, fazer isso com a certeza de quanto tempo terá de esperar pelos coletivos.

Quando o serviço foi anunciado, a promessa era de que os ônibus da linha expressa respeitariam intervalo máximo de 15 minutos entre a partida de um veículo e a chegada de outro.

Quem esperou ontem pelos coletivos na plataforma um do Terminal Central se confundiu com a irregularidade dos horários.

O primeiro ônibus do dia partiu às 16h19, enquanto o segundo carro, com saída prevista para até 16h34, só deixou a estação depois de 27 minutos, quase que dobrando o intervalo inicialmente planejado.

Quando já se pensava que o tempo de espera seria longo, o terceiro coletivo chegou em apenas quatro minutos. Mas rapidez durou mesmo só os quatro minutos, porque o carro seguinte só partiu meia hora depois.

Junto com a linha expressa, entrou em funcionamento a linha troncal, que cumpre o mesmo percurso entre os terminais, mas faz paradas no caminho para embarque e desembarque e opera durante todo o dia.

A Prefeitura de Mauá foi procurada, mas não atendeu ao pedido de informações, assim como a Viação Leblon, que opera as linhas.

Novos serviços deixam usuários confusos

A inauguração do Terminal Zaíra e a criação das linhas expressa e troncal não foram as únicas mudanças no transporte público por ônibus em Mauá. Os novos serviços ainda estão em testes e já provocam confusão entre os passageiros.

Os coletivos que cobriam as porções 3, 5 e 6 do Jardim Zaíra não seguem mais para o Terminal Central. Os veículos agora só circulam pelo bairro, parando na estação local. De lá, o passageiro tem de seguir em outro ônibus para o Centro.

A linha do Jardim Zaíra 4, que tem maior demanda, não foi alterada e continua levando os usuários para o Terminal Central.

DÚVIDA
A incerteza de que a troca de um coletivo por outro será rápida é que tem preocupado as pessoas que dependem diariamente do transporte coletivo.

Moradora do Jardim Zaíra 6, a doméstica Vera Lúcia, 45 anos, testou ontem a linha expressa. "Vou experimentar, mas não sei se será melhor, não", disse, torcendo para não ter de esperar muito pelo coletivo que a levaria para casa.

Como muitos passageiros ainda não sabem ou não se acostumaram com as mudanças, nos terminais, os fiscais têm intensificado a orientação aos usuários.

A embaladora Luciana de Souza Silva subiu em veículo da linha troncal sem saber que poderia pegar a expressa para chegar ao Terminal Zaíra. "Ninguém falou nada. Não sei nem de onde sai."

Apesar disso, e mesmo com ônibus fazendo paradas, a embaladora viajou em 18 minutos, apenas dois minutos a mais do que a equipe do Diário fez pela linha expressa à mesma hora.

As prefeituras de Santo André e Diadema não oferecem linhas rápidas, mas admitiram que estudam formas de melhorar o transporte público e não descartam a possibilidade de criar o serviço. As demais administrações não responderam.