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Vítimas ainda caem em golpe do sequestro no Grande ABC
Evandro De Marco e Fabiana Chiachiri
27/07/2009 | 07:00
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Não importa a idade, classe social ou nível cultural. Muitas pessoas ainda são vítimas fáceis de criminosos naquilo que ficou conhecido como o "golpe do falso sequestro". Os bandidos ligam, pedem resgate e colocam na linha pessoas chorando e implorando ajuda de parentes - independentemente de a pessoa que atende o telefone ser homem ou mulher - para se livrarem de um suposto sequestro.

Na última semana, pelo menos mais duas pessoas da região - uma de São Caetano e outra de Santo André - foram vítimas do golpe e depositaram dinheiro em contas bancárias possivelmente de integrantes de organizações criminosas. Além disso, forneceram recarga para os celulares pré-pagos usados pelos bandidos.

Um engenheiro de 30 anos chegou a depositar R$ 6.300 em contas diferentes de acordo com as exigências dos supostos sequestradores, que exigiam dinheiro para supostamente soltar sua mulher. A vítima ainda forneceu R$ 600 em créditos para celulares com prefixo do Rio de Janeiro - de onde parte a maioria das ligações.

Outra presa fácil desses criminosos foi um aposentado de 67 anos. Apavorado com o que o filho poderia estar passando, ele correu a uma agência bancária para sacar R$ 1.000 e depositá-los em uma conta de outro banco. "Sabia de casos semelhantes, mas nunca passei por isso. Na hora, tinha certeza de que era a voz do meu filho pedindo ajuda. Não pensei duas vezes antes de atender a todas as exigências", contou.

O aposentado ficou mais de nove horas com o telefone ligado e seguindo as orientações dos bandidos. "Depois do primeiro saque, fui obrigado a ir a outro banco e sacar a mesma quantia para fazer novo depósito. O tempo todo era ameaçado. Passava ao lado das pessoas e muitas perceberam que eu estava nervoso, mas ninguém teve atitude de ligar para a polícia", desabafou.

Depois de realizar os dois saques, o aposentado foi obrigado a gastar R$ 950 em recargas distribuídas para oito números de celular - todos com prefixo do Rio de Janeiro. "Não tinha como me desvencilhar dos bandidos. Eles pediam para que eu ficasse com o telefone próximo para ouvirem o que eu estava fazendo. Foram horas de angústia e medo. Temia pela vida de meu filho."

O aposentado ainda foi obrigado a ir ao Terminal Rodoviário do Tietê, na Zona Norte da Capital, e pegar um táxi até Santo Amaro, na Zona Sul. "O motorista percebeu que estava nervoso, mas não podia falar nada que demonstrasse estar em apuros."

No meio do caminho, a bateria do celular do aposentado acabou e a ligação caiu. Quando conseguiu retomar a carga do aparelho, a vítima teve contato com um amigo que o avisou que todos estavam preocupados com ele. Foi nesse momento que o aposentado soube que seu filho estava bem, não havia sido sequestrado e tudo não passava de um golpe.

Consequências - Por ser hipertenso e ter problemas de saúde, o aposentado teve de ser medicado após saber que tinha caído em um golpe. "Quando consegui falar com meu amigo, desabei a chorar. Me senti impotente, mas ao mesmo tempo feliz em saber que tudo estava bem."

Após alguns dias do crime, ele ainda sofre as consequências do trauma pelo qual passou. Na primeira tentativa de contato que a reportagem fez com o aposentado, ele não atendeu ao telefonema. "Não recebo mais ligações de números privados. Estou traumatizado. Tenho de tomar calmantes para dormir. Marquei terapia para tentar me desvencilhar deste pânico", afirmou.




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