A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) informou ontem que planeja prorrogar para o próximo ano o programa de incentivo à redução de água por meio de desconto na conta e aplicação de multas para quem ampliar o consumo mensal. A concessão de bônus e a tarifa de contingência vencem no dia 31 e dependem de aval da Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo) para serem estendidas.

Segundo a companhia, o pedido para prorrogação do programa visa ampliar a concessão até “o fim de 2016 ou até que haja maior previsibilidade quanto à situação hídrica.”

Caso seja aprovado, o incentivo à redução do consumo passará a incidir sobre as contas de janeiro de 2016, que devem ser pagas em fevereiro. Entretanto, a Sabesp quer ampliar a exigência de economia para alcançar o bônus.

De acordo com as novas regas, para ter o desconto na conta, o consumidor terá nova meta a ser batida, que é 22% menor que a anterior. Ou seja, se antes o consumidor gastava 20 m³ por mês para conseguir o bônus, por exemplo, agora ele precisará fechar ainda mais a torneira e gastar somente 15 m³.

As demais condições e regras do programa serão mantidas, inclusive o escalonamento das faixas de bonificação de 10%, 20% e 30%. Isto é, quem reduz o consumo em 20% ou mais recebe desconto de 30%, entre 15% e 20% o desconto é de 20%, e entre 10% e 15% a redução chega a 10% na conta. A tarifa de contingência também não sofreu alterações.

Para o secretário de Recursos Hídricos do Estado de São Paulo, Benedito Braga, a continuidade do programa acontece em um momento em que a atenção da população deve ser redobrada. “Estamos prorrogando para mostrar que, apesar de caminharmos para a normalidade, o esforço não pode ser perdido. Queremos que o exemplo que a natureza nos deu sirva de motivação para continuarmos usando a água de maneira eficiente. A população já percebeu que o recurso tem de ser utilizado de maneira racional,”

Responsável pelo abastecimento de água em São Bernardo, Diadema, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, a Sabesp conseguiu na região, por meio do bônus, economia de 16,1 bilhões de litros entre novembro de 2014 e novembro deste ano, volume suficiente para atender a demanda diária de cerca de 402 mil pessoas, equivalente à população de Diadema, por um ano.

Os quatro municípios conseguiram média de adesão ao desconto na conta de água de 67,02%. Ao todo, nessas cidades 12,53% reduziram seu consumo, 20,46% aumentaram e outros 12,59% foram multados por excesso de gasto.

Demais municípios também apresentam redução no consumo mensal de água

Seguindo a redução de água registrada por municípios abastecidos diretamente pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), cidades do Grande ABC com autarquia própria também apresentaram economia.

Em Santo André, segundo o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André), a queda do consumo médio de 2013, quando a autarquia iniciou a campanha pela economia de água, para este ano foi de 20,60%.

O DAE (Departamento de Água e Esgoto) de São Caetano também apresentou diminuição. Segundo o órgão, desde o início da crise hídrica, a cidade conseguiu reduzir em 22% o consumo de água.

Mesmo com a economia, moradores da região reclamam de torneiras secas. “Chegamos a ficar dez dias sem água mês passado. Precisei comprar uma bomba de R$ 176 para amenizar a situação, mas toda semana é a mesma coisa. A água não chega na minha caixa”, relata o segurança Anércio Donizete Pagani, 59 anos, que reside no Jardim Carla, em Santo André.