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Poesia virtual duas vezes ao dia para ‘desligar’ a Covid-19

Professora andreense lê obras clássicas e de poetas do Grande ABC por meio do podcast

Vinícius Castelli
do Diário do Grande ABC
12/04/2020 | 00:01
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Divulgação


Em tempos em que a recomendação é para que não se saia de casa sem necessidade, há quem, mesmo no isolamento social, queira seguir consumindo. Seja informação e arte. E é isso o que tem oferecido a professora de língua portuguesa e jornalista de Santo André Olga Ribeiro Defavari.

Ela entrega, na casa de quem queira, de forma virtual, é claro, dois poemas. Faz isso diariamente, duas vezes ao dia. Logo no início da manhã, às 6h, e ao entardecer, às 18h, por meio do podcast batizado Um Poema Para Despertar, Um Poema para Aquietar, criado em parceria com o publicitário e diretor artístico André Castro e disponível na plataforma Spotify .

A ideia não é de agora. Era um desejo antes de o novo coronavírus chegar ao País. “Estava deitada e pensei que seria tão legal ter alguém lendo uma poesia para mim”, explica. Mas até então não tinha saído do papel. “Quando pensei, foi justamente para acompanhar as pessoas, na hora que acordam, tomam café, vão ao trabalho, e na hora da volta para casa, depois de um dia cansativo, para relaxar um pouco, desconectar da correria”, explica.

Mas enquanto formatava sua ideia, chegou a pandemia. “Agora (o projeto) vem em momento de isolamento”, frisa. Segundo Olga, é uma maneira de compartilhar a leitura. “É como se estivesse lendo para várias pessoas. E imagino, e tenho escutado de ouvintes que estão acompanhando os podcasts, como isso lhes faz bem”, aponta.

Junto da leitura das obras ela faz uma apresentação sobre cada autor. E, para ela, isso tem ajudado a lembrar os tempos de sala de aula. “Tenho de fazer uma pesquisa, procurar os poetas, os movimentos literários e embarcar na poesia. Tenho muitos livros de poetas, mas nunca tinha me debruçado sobre eles. Ler poesia não é tão simples. Quando alguém lê para você facilita o entendimento”, avalia.

Além de pesquisar autores clássicos, como Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Cecília Meireles (1901-1964), Manoel de Barros (1916-2014) e Pablo Neruda (1904-1973), por exemplo, ela tem vasculhado poetas da região. Tanto que a segunda leitura, que aconteceu dia 2, foi da obra Despertar – Fauna, da andreense Jurema Barreto de Sousa, e teve 78 ouvintes.

“Foi um prazer ter feito a primeira postagem de poema. Achei bem válida essa iniciativa dela, é uma forma muito motivadora para continuarmos conectados na poesia. Gostei muito de participar. É um momento de respiro que nós temos no meio dessa situação toda. Acredito que estamos fazendo mais arte do que nunca”. diz Jurema.

Olga revela que o também andreense Zhô Bertholini escreveu um poema inédito para o podcast, sobre esses tempos de pandemia e isolamento. “Eu ainda preciso chegar nesses autores. O poeta explica que se trata de sua impressão deste momento. “A poesia é uma reação que temos. Estamos parados observando o mundo, mas continuamos atuantes e criativos.”

Para Olga, realizar esse projeto tem sido um alento. “Um refúgio, para eu me desligar também”, explica. Para o público que acompanha, ela diz ser uma surpresa a cada apresentação, já que as leituras são sempre de autores diferentes. “Acaba tirando as pessoas da loucura das notícias que são tão tristes”, encerra. 




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