Setecidades Titulo De 9 para 12 meses
Mudança de prazo de validade de vacinas contra Covid gera dúvidas

Especialista afirma que alteração não trazrisco para quem for imunizado

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
20/05/2022 | 08:42
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Claudinei Plaza/DGABC


Decisão da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de abril, que aumentou de nove para 12 meses a validade das vacinas Pfizer a Astrazeneca cujos frascos ainda estivessem lacrados tem gerado dúvidas na região quanto à sua segurança. Especialista ouvido pelo Diário garantiu que mudança é comum e que não há riscos para quem receber os imunizantes.

A psicopedagoga Stéphanie Biasioli, 31 anos, moradora de Santo André, relatou que o marido levou o filho do casal, Raphael, 6, para tomar a segunda dose da vacina contra a Covid na UBS (Unidade Básica de Saúde) Alvorada, em 16 de maio. Segundo o relato, uma funcionária informou que a vacina que seria aplicada estava vencida, mas que um documento enviado pelo governo do Estado autorizava que fosse utlizada.

“Meu marido me ligou e perguntou o que fazia, não deixei dar a vacina”, afirmou Stéphanie. “Mesmo que exista um papel autorizando, não vou deixar meu filho receber uma vacina vencida. E se algo acontecer com ele, quem se responsabiliza?”

Stéphanie chegou a questionar a ouvidoria da cidade sobre a conduta e recebeu como resposta um documento da Secretaria de Estado da Saúde, informando que a Anvisa havia aumentado o prazo de validade dos imunizantes. A munícipe afirmou que só vai completar o esquema vacinal do filho com um imunizante dentro da validade, mesmo que seja de outro fabricante.

Também moradora de Santo André, a doula Deyse Brumatti, 41, avalia que a mudança não é motivo para preocupação. O filho Hórus, 6, já tomou as duas doses, mas ela afirma que se existe uma justificativa com respaldo científico para a mudança, permitiria a imunização do filho se ainda fosse necessário. “Sempre sigo os protocolos. Validar a ciência é o caminho”, opinou.

A Anvisa informou que autorizou a extensão do prazo de validade no último dia 27 de abril e que a decisão se deu a partir da avaliação de estudos de estabilidade feitos pela empresa que demonstraram que a vacina mantém suas condições de qualidade durante este período.

Ex-presidente da Anvisa, médico sanitarista e professor da FSP-USP (Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo), Gonzalo Vecina Neto explicou que normalmente as vacinas têm prazo de validade de 24 meses e que no caso dos imunizantes contra a Covid foram estipulados prazos menores devido à urgência na aprovação.

“Os testes de estabilidade continuaram e conforme o tempo foi passando verificaram que o prazo poderia ser maior”, pontuou. “É provável que aumentem novamente, até chegar aos 24 meses. Não há qualquer risco, porque essa decisão é tomada após vários testes”, completou.

As prefeituras de Santo André, São Bernardo, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra confirmaram que receberam o comunicado e que estão informando a mudança aos munícipes. Em Santo André, apenas as vacinas infantis pertencem aos lotes com validade estendida e Ribeirão Pires informou que não tem imunizantes nessa situação. Diadema, Mauá e São Caetano não responderam.

ESQUEMA INCOMPLETO
Levantamento do Diário junto às prefeituras da região identificou que mais de 103 mil pessoas estão com a segunda dose em atraso, incluindo adultos e crianças. Para as doses de reforço, não foi possível fazer o cálculo regional com os dados informados pelas administrações municipais. A região tem 87,6% da população com uma dose, 85,5% com duas doses e 56,9% com três doses. 




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