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S.Bernardo interrompe equoterapia sem aviso
Illenia Negrin
Do Diário do Grande ABC
27/01/2005 | 14:05
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Pela segunda vez em um ano, a Prefeitura de São Bernardo interrompe sem aviso prévio o atendimento no Centro Municipal de Equoterapia Mário Covas. O centro é utilizado por 240 adultos e crianças portadores de deficiência que, graças ao tratamento com os animais, conseguem avanços no desenvolvimentos psíquico, emocional e físico. O programa, que não tem data prevista para ser retomado, foi citado como um dos pontos positivos da atual administração no material de campanha divulgado pelo prefeito William Dib à época das eleições.

A denúncia foi feita por mães que têm filhos inscritos no tratamento, que é gratuito. Segundo elas, na última quinta-feira, dia 20, funcionários informaram que os pacientes não precisariam voltar na próxima sessão porque as atividades seriam interrompidas. Além de não dar prazo para o retorno da terapia, a equipe teria pedido que as mães telefonassem à Prefeitura no dia 23 de fevereiro para obter mais informações sobre a continuidade do serviço.

"Ninguém falou nada antes, que o centro iria parar, entrar de férias. Até agora, não sabemos o que aconteceu nem temos garantia de que a terapia vai continuar", afirma a dona de casa Cláudia Negrelo Duarte. O filho Eduardo, 21 anos, tem atrofia cerebral e há oito meses freqüentava o programa, depois de ficar mais de um ano na fila de espera por uma vaga. "Estava sendo muito bom para ele, que fazia exercícios para a coordenação motora e equilíbrio. Agora, não sei o que fazer."

A Prefeitura explica, por meio de nota, que todos os usuários foram avisados sobre a paralisação das atividades do centro. Mas não esclareceu com quanto tempo de antecedência receberam a notícia nem a partir de que data poderão voltar à terapia com os animais. A nota afirma que a pausa nas atividades é comum nessa época do ano, para que os cavalos possam "descansar" e o local passe por manutenção. Finaliza dizendo que os trâmites legais para a contratação da empresa especializada em equoterapia estão em andamento e que a burocracia também contribuiu para as férias do programa.

No início do ano passado, as atividades também foram suspensas por problemas com o andamento da contratação. O centro ficou dois meses fechado e os atrasos nos trâmites acabavam por protelar o reinício do programa, previsto para março. Os deficientes voltaram ao tratamento só em abril. O Diário tentou entrevista com o diretor da Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania, Hermes Tomazoni, mas ele não foi localizado pelas secretárias de seu gabinete.

A auxiliar de enfermagem Edna Brunhera levou a filha Juliana, 19 anos, toda semana no período de um mês ao Centro de Equoterapia. Ela diz que, de repente, foi informada que não precisaria retornar. "Demorei um ano e meio para conseguir uma vaga para ela, que tem hidrocefalia. A atividade com os cavalos era ótima. Ela sofre de fobia e tem crises emocionais freqüentes." Assim com a maioria dos pacientes, a família de Juliana não tem condições de pagar por um tratamento particular adequado.




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