Entre os músicos brasileiros que podem encher o peito de orgulho por ter construído um repertório irretocável ao longo da carreira está, sem sombra de dúvidas, o mineiro Lô Borges, cantor e compositor que começou a fazer história ainda nos anos 1960, com o lendário álbum Clube da Esquina, criado ao lado de Milton Nascimento e lançado em 1972.

Desde então, Lô gravou vários trabalhos solo, como o ‘disco do tênis’ (como é conhecido seu debut) e Nuvem Cigana. Tem influenciado diversos artistas de gerações posteriores à sua, como a cantora Vânia Bastos, por exemplo, e experimentado fazer música livre de preconceitos. Tanto que, em 2016, gravou álbum com seu conterrâneo Samuel Rosa, do Skank, só com temas inéditos.

E é um bocado de tudo isso que o artista mostra na região no sábado, a partir das 20h, no Sesc Santo André, com o espetáculo Paisagem da Janela. “Esse show é uma retrospectiva da minha carreira. Faremos o espetáculo em duo: uma formação simples, mas muito poderosa. Assim, ao lado do Henrique Matheus (guitarra e voz), vou apresentar um apanhado de canções compostas desde a década de 1970, entre elas aquelas que ficaram muito conhecidas e queridas pelo público, como Clube da Esquina n. 2, Paisagem da Janela, O Trem Azul, Tudo Que Você Podia Ser e Para Lennon e McCartney, além de sucessos um pouco mais recentes, como Dois Rios e Quem Sabe Isso Quer Dizer Amor, diz Lô, ao Diário.

O cantor se recorda que, desde o início de sua carreira, construiu uma ligação não só com o púbico paulista, mas com o da região também. “Além de todos os shows que fiz desde o início da minha carreira, na década de 1980 eu passei um bom tempo em São Paulo, até cheguei a ter uma banda formada só por músicos paulistas. São Paulo sempre me acolheu, sempre me recebeu de braços abertos. E no (Grande) ABC não é diferente, em todas as oportunidades que estive aí voltei para Minas muito feliz com o carinho que recebi. E estou entusiasmado com o  retorno a Santo André”, afirma.

Marco em sua carreira e também na história da música brasileira, Clube da Esquina completa 47 anos em 2019. Dele saltam canções como Tudo o Que Você Podia Ser, O Trem Azul, Cravo e Canela e Os Povos, por exemplo.

O álbum, feito em época em que o País estava mergulhado na ditadura militar, celebrou a amizade e o amor à terra. Promoveu mistura do moderno com o tradicional, da bossa com o jazz – como analisou o antropólogo Paulo Thiago de Mello no livro de 2018 Milton Nascimento e Lô Borges – Clube da Esquina –, e colocou temperos rurais junto de influências dos Beatles.

“O álbum duplo Clube da Esquina é um marco na minha vida artística. Sou eternamente grato por ter vivido essa experiência, e tenho certeza que celebraremos essa obra ao longo dos anos. Nos meus shows, vejo pais e filhos dividirem a mesma paixão pelo que criamos há mais de 45 anos, e isso me deixa muito honrado, é uma grande alegria”, explica.

Mas, além de olhar para o passado, e celebrá-lo, Lô não deixa de pensar no futuro. Tanto que o compositor conta ao Diário que seu próximo álbum, Rio da Lua, já está finalizado. “São dez músicas inéditas, de minha autoria, todas com letras do meu parceiro Nelson Angelo. Deve ser lançado no início de abril, pela Deck Music. Já estava na hora de lançar material inédito, após oito anos do lançamento do disco Horizonte Vertical. Vem novidade por aí”, encerra.

Lô Borges – Música. No Sesc Santo André – Rua Tamarutaca, 302. Sábado, a partir das 20h. Telefone: 4469-1311. Ingressos: R$ 6 a R$ 11 (bilheterias das unidades e pelo site wwwsescsp.org.br).