O governo do Estado paralisou há 11 dias a entrega gratuita de leite a pessoas carentes de todos os municípios de São Paulo e, desde então, cerca de 720 mil famílias de baixa renda estão sem o alimento, repassado pelo programa Vivaleite. No Grande ABC, cerca de 43 mil famílias estão sem o benefício.

 A justificativa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado para o atraso é de que houve problemas administrativos para a contratação das empresas fornecedoras do leite.

 A licitação é feita a cada seis meses pelo modelo de pregão presencial. De acordo com a secretaria, a periodicidade do processo gera economia aos cofres públicos por levar em conta a safra e entressafra do produto.

 Enquanto o impasse administrativo não é resolvido, 43,4 mil famílias estão sem receber o leite no Grande ABC.

 Somente em São Bernardo, cidade que concentra o maior número de beneficiários na região, são 13.780 famílias sem o alimento.

 Em Diadema, segundo município do Grande ABC em quantidade de famílias incluídas no projeto, 13 mil estão sem o leite, seguido de Santo André, com 6.120, Mauá, com 5.670, Ribeirão Pires, com 2.290, Rio Grande da Serra, com 1.690 e, por fim, São Caetano, com 850 famílias.

 Por trás dos números estão pessoas como Maria Aparecida de Jesus, 39 anos, de São Bernardo. Os quatro litros de leite semanais oferecidos pelo Estado são uma maneira que a dona de casa tem para driblar a desnutrição da filha mais nova, de dois anos.

 O Vivaleite é voltado para famílias com crianças de até 6 anos e que tenham renda de até dois salários mínimos. Idosos com mais de 60 anos também podem participar.

 Contudo, o alimento acaba servindo às bocas de toda família. “Eles me perguntam: ‘mãe, cadê meu leite?’ e eu não sei o que responder”, conta a desempregada Ednalva Batista, 39 anos, mãe de cinco filhos.

 Por ser de responsabilidade do Estado, as prefeituras de Santo André, São Bernardo, São Caetano e Diadema informaram não ter sido notificadas sobre o problema. As demais não foram encontradas.